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Apreensão de 1,5 t de cocaína avaliada em R$ 250 milhões é a maior da história do Rio

1,5 t de cocaína  - Reprodução/Polícia Federal - Reprodução/Polícia Federal
Cocaína estava em 48 malas em dois contêineres no porto do Rio
Imagem: Reprodução/Polícia Federal

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

02/03/2018 14h17Atualizada em 02/03/2018 18h27

A apreensão de cerca de 1,5 tonelada de cocaína pura na região portuária do Rio de Janeiro, na noite desta quinta-feira (1º), é a maior apreensão da história do Estado, segundo a Polícia Civil. A carga é avaliada em R$ 250 milhões.

A droga, apreendida por policiais civis juntamente com a Polícia Federal e a Receita, estava distribuída em 48 malas no fundo de dois contêineres. Ninguém foi preso na operação.

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De acordo com o delegado Fabrício Oliveira, da Desarme (Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos), a cocaína estava misturada a outras mercadorias legais, como material de construção.

“A gente sabe que os locais por onde circulam mercadorias lícitas são também os locais por onde traficantes comercializam materiais ilícitos. A operação começou às 14h desta quinta e tinha como objetivo localizar também armas e munições, além de drogas. Mais de dez contêineres foram vistoriados”, disse o delegado ao UOL.

Os traficantes usaram orégano nas embalagens para tentar disfarçar o cheiro da cocaína e dificultar a identificação da droga por cães farejadores. No entanto, os cães que participaram da ação conseguiram indicar a presença da droga. Um aparelho de raio-x também foi utilizado na ação.

Após a apreensão, as investigações estão a cargo da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal.

O delegado da PF Carlos Eduardo Thomé disse que, apesar de a mercadoria estar em um contêiner que tinha como destino a Bélgica, ainda não é possível afirmar que a cocaína seria utilizada para abastecer o mercado internacional.

“Estamos levantando o destino dessa droga para identificar se ia abastecer o tráfico local ou se tinha objetivo de exportação. Apesar de o contêiner ter a Europa como destino, o navio poderia fazer paradas para novos abastecimentos e retiradas. A droga não estava em fundos falsos e sim em bolsas, o que aponta a necessidade de agilidade para colocação e retirada dessas malas", afirmou.

O delegado disse que vai solicitar à Justiça a incineração da cocaína e que, nos próximos dias, a PF vai fazer analisar câmeras de segurança e ouvir fiscais que acompanharam o abastecimento dos contêineres, representantes da empresa e despachantes aduaneiros. 

Ainda de acordo com o delegado, no último ano, a PF apreendeu, em parceria com a Receita, mais de 2 toneladas de cocaína na região portuária do Rio --o número considera a apreensão recorde de ontem. A última foi em dezembro, quando um barco pesqueiro foi flagrado com cerca de 400 kg de droga.

Prisão de membro do PCC

Nesta quarta-feira (28), a Desarme também foi responsável pela prisão de Elton Leonel Rumich da Silva, conhecido como Galã e considerado uma peça importante do PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele foi preso enquanto fazia uma tatuagem em um estúdio localizado em Ipanema, na zona sul do Rio.

Segundo a Polícia Civil do Rio, Silva atuava no Paraguai e era apontado como o "principal líder do PCC em liberdade”.

Galã é acusado de ter participado do assassinato de Jorge Rafaat, em junho de 2016. Rafaat era tido como o "rei do tráfico" na fronteira entre Brasil e Paraguai.

Apreensão recorde ocorre pós-intervenção

A maior apreensão de drogas da história fluminense ocorre duas semanas após o presidente Michel Temer (MDB) decretar intervenção na área de segurança do Rio.

Na última terça-feira (27), o interventor, general Walter Braga Netto, afirmou que a integração das ações de inteligência, no âmbito da intervenção, servirá como uma espécie de laboratório para outros Estados.

"O Rio de Janeiro é um laboratório para o Brasil”, disse em entrevista à imprensa. Braga Netto descartou operações militares prolongadas, como a ocorrida no Complexo da Maré entre abril de 2014 e junho de 2015.

Nesta quarta-feira (28), em encontro com deputados que integram a Comissão de Segurança Pública da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), o interventor sinalizou que as ações vão alcançar municípios de todo o Estado do Rio.