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Operação contra pedofilia prende advogados e profissionais ligados a saúde e educação

Suspeito é preso em São Paulo durante operação contra pedofilia - Suamy Beydoun/Agif/Estadão Conteúdo
Suspeito é preso em São Paulo durante operação contra pedofilia Imagem: Suamy Beydoun/Agif/Estadão Conteúdo

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

17/05/2018 11h21Atualizada em 17/05/2018 18h03

Policiais civis de 24 estados e do Distrito Federal prenderam nesta quinta-feira (17), durante uma grande operação, ao menos 251 pessoas em flagrante suspeitas de pedofilia e manter pornografia infantil.

Na ação, foram cumpridos também 579 mandados de busca e apreensão de materiais com conteúdos ligados a crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes. Cerca de 2.600 policiais civis participaram da ação.

Segundo o Ministério da Segurança Pública, 128 pessoas foram presas no Sudeste, 47 no Nordeste, 38 no Sul, 21 no Centro-Oeste e 17 no Norte.

Mais de 1 milhão de arquivos de computador foram analisados, informou o governo.

Os suspeitos foram presos em flagrante no momento da verificação policial por terem produzido, armazenado ou compartilhado material com pedofilia ou pornografia infantil. As penas, dependendo do crime cometido, variam de um a oito anos de prisão.

Segundo o coordenador do Laboratório de Inteligência Cibernética, Alessandro Barreto, o perfil dos presos é variado e inclui "pessoas acima de qualquer suspeita", como advogados, profissionais da área de saúde e de educação. As idades vão de 20 anos a mais de 65 anos, incluindo aposentados.

Somente um homem foi flagrado com mais de 200 mil arquivos de pedofilia, informou. Outros, são reincidentes, como um técnico de enfermagem de Minas Gerais, disse Barreto. O suspeito já havia sido detido em Minas Gerais por pedofilia, mas estava solto.

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, ressaltou não ser de sua competência avaliar o cumprimento das prisões nem mudar a legislação, mas defendeu que reincidentes tenham penas maiores.

“Em relação a ele ficar detido depende do juiz. [...] Acredito que, no caso desse crime, deveria receber uma pena maior. E que também se evitasse a soltura daqueles que são materialmente identificados como criminosos. Mas acima de tudo deixar claro que não haverá impunidade”, declarou.

De acordo com o ministério, parte dos suspeitos utiliza a chamada “deep web”, porção da internet não indexada aos mecanismos de busca e oculta à maioria da população.

Jungmann afirmou que, apesar do aperfeiçoamento dos métodos de investigações, os suspeitos buscam novas tecnologias para fugir do controle do governo.

Chamada de “Luz na Infância 2” --a primeira aconteceu no ano passado--, a operação foi comandada pelo Ministério Extraordinário da Segurança Pública em conjunto com a Polícia Civil em 284 cidades.

Os suspeitos foram identificados por meio de informações e tráfegos na internet durante quatro meses pela Diretoria de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública, vinculada à pasta.