Casal de professores fica 11h em poder de bandidos após sequestro no campus da UFRJ
Três homens sequestraram um casal de professores dentro do campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na última sexta-feira (18). O caso ganhou repercussão após relato de uma das vítimas em uma rede social. Patricia Zancan e Mauro Sola-Penna ficaram onze horas encapuzados sob o poder dos bandidos. Além do carro dos docentes, computadores, celulares e documentos foram levados. O trio também usou os dados bancários das vítimas para gastar mais de R$ 30 mil durante o período.
Ao UOL, a Polícia Civil confirma a ocorrência e ressalta que os suspeitos ainda não foram localizados. Em nota, as autoridades informam ainda que o boletim de ocorrência foi feito na 15ª DP, na Gávea, e que as vítimas foram ouvidas na unidade policial. Nesta segunda-feira (21), o caso foi encaminhado para a 37ª DP, responsável pela área onde o crime ocorreu, na Ilha do Governador. O delegado, que vai dar andamento às investigações, não quis conceder entrevista.
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O casal relata que foi abordado, por volta das 11h, no retorno da Avenida Carlos Chagas Filho, enquanto chegavam ao prédio do Centro de Ciências da Saúde (CCS). Segundo os professores, os criminosos estavam armados e os jogaram no banco de trás do carro, sempre usando ameaças. A única preocupação das vítimas era com o filho que tem sete anos e estava na escola.
"Neste dia, tínhamos muitos experimentos em curso nos laboratórios. Então, nos programamos para pegar nosso filho de 7 anos na escola, às 14h, e levá-lo para o laboratório para que pudéssemos fazer tudo o que precisávamos. Só que estávamos no cativeiro neste horário. A escola tentou nos contatar por celular, não os tínhamos. Por telefone fixo, não temos telefone fixo nos laboratórios. Dispensamos o transporte escolar e nossa funcionária saiu de casa mais cedo devido nossa mudança de planos de ficar com nosso filho no Fundão. Resultado: a escola tentou por 3h nos contatar e, então, decidiu entrar em contato com nossa família. Nosso filho saiu da escola às 18h, 4h de espera por alguém para ir buscá-lo", diz o texto.
O casal só foi liberado onze horas depois, às 22h, em Belford Roxo, a mais de 26 km de distância da Ilha do Governador, onde foram sequestrados. Após ficarem livre, eles contaram com a ajuda de um morador que emprestou o celular e os levou até um ponto de táxi. Os professores só conseguiram encontrar a família, por volta de meia-noite. "Eles estavam desesperados. Nos procuraram em hospitais, IML e, junto com nossos alunos dos laboratórios, foram à polícia, delegacia", disse.
Ao UOL, a administração central da universidade disse que lamenta que tenha de registrar, "mais uma vez, um crime desse tipo na Cidade Universitária." A reitoria também ressalta que a prefeitura está acompanhando o caso junto à 37ª DP. Na nota, a universidade chama a atenção pelo fato de a reitoria já ter tido, em abril, uma reunião com o subsecretário de assuntos estratégicos da Secretaria de Segurança do Rio, Roberto Alzir.
"Pedimos atenção ao aumento do número de sequestros relâmpagos no campus. Na ocasião, o secretário se comprometeu a reforçar o policiamento nas vias. Na UFRJ, a segurança das áreas externas é de responsabilidade da Polícia Militar."
Como medida para reforçar o patrulhamento no campus, a UFRJ disse que vai aderir ao Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis), aumentando o número de viaturas na Cidade Universitária. O contrato será pago pela Petrobras, uma das empresas instaladas no campus, e já está em vias de implementação. "Acreditamos que a medida será um reforço importante para coibir esse tipo de crime na universidade", disse em nota.
Após o susto, Patricia Zancan e Mauro Sola-Penna disseram que estão profundamente abalados e com sequelas psicológicas que, segundo eles, não sabem quando serão cicatrizadas. "Estamos nos perguntando o que está acontecendo? Todos sabemos que estes assaltos no Fundão são diários. Cadê a ação da Reitoria? Da Prefeitura Universidade? Cadê a gestão e atenção com os funcionários desta casa que tanto se esforçam para fazer da UFRJ uma universidade de excelência? Quantos mais terão que passar por esse trauma desumano? Ouvir dos bandidos que nossa patrulha de vigilância é inútil e que mais 2 “equipes” estavam no Fundão para fazer a mesma abordagem em outras vítimas é vergonhoso! É assustador", disseram.
Na próxima quarta-feira (23), a Prefeitura da UFRJ terá uma reunião com a Divisão Anti-sequestro da Polícia Civil para tratar deste e outros casos envolvendo a comunidade universitária.
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