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Polícia diz que homem preso por feminicídio no interior de SP é assassino em série de mulheres

13.ago.2018 - Everton Junior Soares, 27, conhecido como Mexicano, suspeito de matar quatro mulheres em Votorantim, no interior de SP, entre 2014 e 2017 - André Fazano/Cruzeiro FM
13.ago.2018 - Everton Junior Soares, 27, conhecido como Mexicano, suspeito de matar quatro mulheres em Votorantim, no interior de SP, entre 2014 e 2017 Imagem: André Fazano/Cruzeiro FM

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

13/08/2018 11h59Atualizada em 13/08/2018 12h07

Um homem ficará preso preventivamente, até o fim do julgamento, sob a suspeita de ter cometido quatro feminicídios, entre 2014 e 2017, em Votorantim (cidade a 100 km da capital paulista). Ele já estava detido desde 13 de junho de 2018 sob acusação do MP (Ministério Público) de ter participado efetivamente em um dos quatro crimes.

Segundo a Polícia Civil, Everton Junior Soares, 27, conhecido como Mexicano, confessou os crimes. De acordo as investigações, ele tinha um padrão de comportamento nos assassinatos. Soares amarrava o vestido da vítima no rosto dela e, após, ateava fogo na roupa amarrada.

Depois, ele atacava o rosto da vítima com agressões a pedradas ou pauladas. A polícia diz ainda que ele confessou prazer durante os crimes. A reportagem tentou entrar em contato com a advogada do suspeito, Elaine Aparecida dos Santos, mas o escritório informou que ela estava em viagem.

Na delegacia, Soares permaneceu em silêncio quando foi perguntado sobre os detalhes dos crimes, segundo a polícia. A investigação chegou até ele depois de uma testemunha protegida ter afirmado que ele confessou a autoria de dois dos quatro feminicídios a ela.

O delegado titular de Votorantim, Marcelo Munhoz Soares, afirmou ao UOL que, em dois dos quatro casos, havia características de violência sexual, mas não de estupro. "Era um crime de ódio. Ele agia com ódio. Tinha prazer em lesionar a mulher na região pubiana", disse.

Em nota, a Polícia Civil informou o suspeito não mantinha relações com as vítimas. "Confessou que só sentia prazer no momento em que as mulheres estavam sendo mortas", afirmou a corporação.

A prisão dele foi decretada pela Justiça pela morte de Mara Aparecida de Faria de Franca, 44, ocorrida em 21 de dezembro de 2017. A polícia diz que Soares e seu pai, Edson Soares, 49, foram os últimos a serem vistos com ela. Por isso, o pai do suspeito também foi preso em 13 de junho.

O advogado do pai, Adilson Houlenes Mora, afirma que ele diz não saber de nada. "Uma testemunha disse que viu o pai com eles. É um caso muito difícil. Vai ser uma defesa muito difícil, mas ainda serão julgados", disse.

Segundo o delegado do caso, pai e filho estavam em um bar e convidaram a vítima até uma quadra desportiva. "Eles afirmam que foram embora antes do crime, mas há testemunhas que apontam eles como autores do crime. Ela foi encontrada escorada no pé da trava de um gol", afirmou o delegado.

Denúncia apresentada pelo MP (Ministério Público) a respeito do feminicídio de Mara aponta que "o delito é grave e foi praticado com extrema violência". Ainda segundo a denúncia, "a materialidade é certa e há fundadas suspeitas de que os denunciados sejam os acusados do delito em apuração".

A Promotoria também apontou que pai e filho apresentaram versões contraditórias quanto ao local em que estariam no momento do crime e que, pelo fato de a justiça encontrar-se "demasiadamente desgastada com tais brutalidades", seria necessária a prisão.

Antes de Mara, foram encontradas três mulheres mortas na cidade, com sinais do mesmo tipo de violência, o que liga Soares aos crimes, segundo a polícia:

  • Jéssica Roberta Pereira, 30, em 17 de maio de 2014;
  • Rosângela da Cruz Silva, 50, em 18 de abril de 2015;
  • Lúcia Yumi Ukai Fukany, 52, em 19 de março de 2017.

Ainda de acordo com o delegado, Soares "foi visto em companhia das vítimas momentos antes de elas serem mortas. Segundo testemunha protegida, ele confessou dois dos feminicídios: de Jéssica e Lúcia", disse.

A polícia diz que todas as pessoas, incluindo Soares e as vítimas, eram pessoas de baixa renda, sendo que, algumas delas, eram dependentes químicas. A polícia afirma ter ouvido uma prostituta que relatou quase ter sido vítima de Soares.

"Ela disse que ele pagou a ela pelo programa, mas, como não teve ereção, atentou contra ela", disse o delegado Munhoz. Usuário de crack, Soares morava com a família na cidade do interior paulista.