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Profissionais de saúde são agredidas em pronto-socorro de Santos (SP); assista

Rafael Pezzo

Colaboração para o UOL

15/08/2018 17h53

Uma enfermeira e uma técnica de gesso foram agredidas pelas filhas de um paciente no Pronto-Socorro da Zona Noroeste, em Santos, no litoral de São Paulo. Câmeras de segurança flagraram as agressões, que aconteceram na tarde da última sexta-feira (10).

Nas imagens cedidas pela prefeitura de Santos, uma mulher com uma criança no colo aparece puxando os cabelos da profissional de enfermagem, de jaleco. Cerca de 13 minutos depois, outra mulher bate na cabeça da técnica e também puxa os cabelos dela, além de dar chutes. Nos dois ataques, as profissionais são separadas das agressoras com auxílio de pessoas que estão no corredor da instituição de saúde.

Ao UOL, a técnica de gesso Sônia Regina Espírito Santo contou que sua colega havia ido à sala da enfermagem protocolar a internação de uma criança quando duas pessoas perguntaram sobre a transferência dos pais dela, que havia dado entrada com queimaduras. Segundo Sônia, após atendê-las, o próprio pai delas saiu da sala de medicação seminu e perguntou a mesma coisa à profissional.

"Eu estava na sala de gesso, ouvi uma gritaria que não cessava no corredor e fui ver o que era", relatou Sônia. Depois de saber o que tinha acontecido, ela conta que foi até o corredor conversar com as duas irmãs e pedir que se acalmassem. Depois disso, uma teria mostrado um arranhão na outra. "Se você está reclamando desse arranhão, precisa ver como minha colega ficou, toda machucada", prosseguiu. "Quando terminei de falar isso, a outra veio e me deu uma voadora na bacia e começou a me dar joelhada."

Sônia conta que esta é a segunda vez que a colega é vítima de agressões na unidade de saúde. "Me senti humilhada, diminuída. Estamos lá para fazer o nosso melhor e sofremos esse tipo de coisa. É revoltante", protestou a mulher que, junto com a enfermeira, passou por atendimento psicológico. "Isso me traumatizou. Parece que tem alguma coisa entalada na minha garganta", afirmou.

De acordo com o boletim de ocorrência registrado na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), testemunhas disseram que as agressoras, de 22 e 26 anos, visitavam o pai na unidade e agrediram as atendentes enquanto discutiam uma possível transferência do paciente. A confusão foi apartada por oficiais da Guarda Civil Municipal e por policiais militares, que levaram as quatro envolvidas à DDM.

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As agressoras foram liberadas após assinarem um termo circunstanciado por lesão corporal. Sônia e sua colega enfermeira foram submetidas a exame de corpo de delito e seguirão com o processo contra as mulheres que as agrediram.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelo pronto-socorro, a enfermeira ficou com cortes e hematomas pelo corpo e está afastada do cargo por 30 dias. A técnica também vai tirar licença do trabalho, mas de 15 dias.

As imagens das câmeras de segurança foram encaminhadas pela prefeitura à polícia nesta segunda-feira (13). 

No mesmo dia da agressão, o secretário municipal de saúde, Fábio Ferraz, se reuniu com a direção do hospital e anunciou que lançará uma licitação para contratar uma empresa de segurança particular para o local. "É inadmissível qualquer tipo de agressão aos nossos profissionais. Vamos colaborar de todas as formas para a investigação policial e responsabilização das agressoras", afirmou, por meio de nota, o secretário.

Segundo a secretaria, desde abril foram instaladas 27 câmeras de segurança no Complexo Hospitalar da Zona Noroeste, onde fica o pronto-socorro, devido a outros registros de comportamentos agressivos e de furtos na unidade de saúde.