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Família acusa PMs de confundirem guarda-chuva com fuzil e matarem morador de favela no Rio

Guarda-chuva que teria sido confundido por arma no Rio - Reprodução/TV Globo
Guarda-chuva que teria sido confundido por arma no Rio Imagem: Reprodução/TV Globo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

18/09/2018 08h47Atualizada em 18/09/2018 11h50

Um morador no Morro Chapéu-Mangueira, no Leme, zona sul do Rio, foi morto na noite desta segunda-feira (17) após policiais militares atingi-lo com dois tiros --um no peito e outro na perna.

Segundo um primo da mulher da vítima, Rodrigo Serrano, 26, foi baleado por PMs da UPP que confundiram o guarda-chuva que ele segurava com um fuzil.

Alexandre de Freitas, 32, disse que Serrano havia subido a ladeira do Leme e aguardava a esposa e os dois filhos que estavam em uma kombi subindo a favela quando foi morto.

Rodrigo Serrano - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Rodrigo Serrano era casado havia 7 anos e tinha dois filhos
Imagem: Arquivo pessoal

"Ele estava num lugar um pouco escuro. Estava esperando a mulher e foi baleado com dois tiros de fuzil. Não havia confronto na comunidade. Tanto que é que os policiais não apresentaram nenhuma arma na delegacia. Ele estava com a carteira de trabalho no bolso. Inclusive, ficou toda ensanguentada", disse Freitas.

Durante a ação, outro morador, identificado como Jonatas Rodrigues, 21, foi atingido de raspão na costela e encaminhado para o Hospital Miguel Couto, na Gávea. Ele teve alta na madrugada desta terça-feira (18).

Procurada, a Polícia Militar disse que uma guarnição do Grupamento Tático de Polícia de Proximidade (GTPP) foi atacada quando passava pela localidade do Bar do Davi, onde Serrano foi morto.

Freitas contou ainda que os policiais bateram boca no local com os parentes.

"Minha prima [esposa da vítima] chegou no local desesperada. Mandaram era tirar satisfação na boca de fumo. Uma falta de respeito", afirmou.

Serrano trabalhava como vigia de um bar no Leme. Era casado havia 7 anos e tinha dois filhos --um de quatro anos e outro de dez meses.

A família confirmou que ele tinha passagem pela polícia por roubo, mas garantiu que o morador estava feliz no novo emprego que conseguiu após passar por um período desempregado.

A PM confirmou a informação de que Serrano tinha passagem por roubo e tráfico de drogas. A corporação declarou ainda que foi apreendido um rádio comunicador com os dois baleados. A Corregedoria da Polícia Militar disse que acompanha o caso.

O caso foi registrado como auto de resistência na 12ª DP (Copacabana). De acordo com a Polícia Civil, foi instaurado inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Serrano. "Diligências estão em andamento para apurar as circunstâncias do fato", disse através de nota.