Mecânico preso suspeito de atirar em PM estava no trabalho na hora do crime, afirma chefe
O mecânico Luiz Felipe Neves Gustavo foi preso na última segunda-feira (24) por suposto envolvimento em tiroteio de traficantes contra policiais na comunidade da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. O confronto ocorreu no meio da tarde de 1º de agosto de 2017, e um sargento da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) acabou baleado no joelho. Porém, de acordo com o sistema de ponto eletrônico da oficina de instalação de gás natural veicular (GNV) em que Luiz Felipe trabalhava, ele não poderia ter estado no local do crime, já que passou o dia todo no trabalho, em Jacarepaguá.
O sistema é feito por identificação da biometria e mostra que o homem chegou à oficina às 8h41, saiu para almoçar às 12h12, voltou às 13h11 e só foi embora às 18h10. Ao UOL, o advogado Maycon Morais explica que o mecânico sequer sabia da ocorrência do processo criminal em seu nome. "Um colega foi checar uma informação de um processo trabalhista do Luiz Felipe e descobriu que havia esse processo criminal, aí ele entrou em contato comigo", explica Maycon.
À época, foi aberto um inquérito pelo Ministério Público, mas os policiais afirmaram que não era possível reconhecer ninguém por conta da adrenalina do momento e porque os criminosos usavam capuzes. Dois meses depois, contudo, Luiz Felipe teria sido reconhecido como um dos envolvidos por meio de fotografias e teve seu nome incluído na denúncia. Outros nove acusados foram denunciados, sendo que três deles são irmãos do mecânico, moram na Cidade de Deus e têm passagens pela polícia por tráfico de drogas.
Luiz Felipe teve a prisão decretada pela Justiça em março desde ano, mas, sem saber que estava foragido, seguiu a vida normalmente. Quatro dias depois que o advogado anexou a folha de ponto e a o registro de trabalho ao processo, autoridades apareceram na oficina e efetuaram a prisão, segundo Maycon.
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"Ele não ia fugir nem se esconder, até porque não fez nada de errado", afirma o advogado, que já entrou com pedido de revogação da prisão e aguarda a análise da Justiça, que tem até 15 dias para responder. "Ele não mora na favela desde 2016, casou-se, teve filho e foi morar em outro bairro com a mulher. Não tinha nenhuma relação com os irmãos e não tinha antecedentes, até a polícia confirma isso."
Grávida de seis meses e com um filho pequeno, a mulher do acusado, Vivian dos Santos Cabral, está desempregada e conta com a renda do marido na oficina para sustentar a casa. "É difícil porque é uma injustiça, a gente fica com sentimento de impotência. Não consegui ter contato com ele na prisão, não consegui nem mandar uma roupa para ele. Ele é um pai presente, um marido presente. O clima está horrível", afirma Vivian.
Por enquanto, o único contato entre o casal é por meio do advogado. Para visitá-lo no presídio Ary Franco, na Zona Norte do Rio de Janeiro, ela precisa esperar a emissão de uma carteirinha que leva de 15 a 30 dias para ser entregue. "Minha esperança é não ter que esperar tanto assim. Estamos muito confiantes e correndo atrás para ele não ficar tanto tempo preso."
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