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"Preso de ótimo comportamento", diz exame criminológico de Alexandre Nardoni

Alexandre Nardoni está preso há dez anos pelo assassinato da filha - Fernando Donasci/Folhapress
Alexandre Nardoni está preso há dez anos pelo assassinato da filha Imagem: Fernando Donasci/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

04/11/2018 22h40Atualizada em 05/11/2018 16h22

"Preso de ótimo comportamento, capaz de criar e manter vínculos afetivos", afirmam seis peritos judiciais no exame criminológico do detento Alexandre Alves Nardoni, preso há 10 anos no presídio de Tremembé, no interior de São Paulo, pelo assassinato da filha Isabella.

Em setembro, a defesa de Nardoni pediu à Justiça paulista que o preso fosse beneficiado com a progressão para o regime semiaberto. Ele foi condenado a 30 anos de reclusão. Contrário à concessão, o Ministério Público pediu que Nardoni se submetesse ao exame criminológico.

Favorável ao desejo de Nardoni, o resultado do laudo foi divulgado na noite deste domingo (4) pelo programa "Fantástico", da "TV Globo".

O exame criminológico é realizado por psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais do sistema prisional. Sua função é avaliar se o preso “merece” ou não receber a progressão de regime.

Os peritos avaliaram positivamente o trabalho feito pelo condenado na prisão: a confecção e reforma de cadeiras, de ferro e madeira, utilizadas em escolas estaduais de São Paulo. 

Em seu depoimento, Nardoni afirmou que sente a falta da filha e não consegue entender as razões que levaram à morte dela. "Junto com Isabella morreu parte de mim e me nunca mais sentirei completo".

O promotor de Justiça Luiz Marcelo Negrini pediu que o preso passe por um exame considerado ainda mais aprofundado do que o criminológico, o Teste de Rorschach.

Pedido para o semiaberto

Em setembro, o advogado de Nardoni, Roberto Podval, pediu à progressão de regime para seu cliente à Vara de Execuções Criminais de Taubaté (SP), sob os argumentos de que ele já cumpriu 2/5 da pena, trabalhou 634 dias dentro da penitenciária e não se envolveu com facções criminosas.

Se aprovada a progressão, Nardoni pode ter o direito de trabalhar fora ou fazer cursos durante o dia, voltando à cela à noite. Além disso, o regime semiaberto permite ao preso usufruir das saídas temporárias. São até cinco saídas prolongadas, em feriados, no decorrer do ano.

Em casos de grande repercussão, como o de Nardoni, a Justiça costuma pedir exame criminológico para atestar que ele não vai trazer riscos à sociedade quando em liberdade. 

27.mar.2018 - Folha de Antecedentes de Alexandre Nardoni - Reprodução/TJ-SP - Reprodução/TJ-SP
Folha de Antecedentes de Nardoni mostra a evolução do processo
Imagem: Reprodução/TJ-SP

Redução do tempo por meio do trabalho

Ainda em setembro, o promotor também pediu a recontagem dos dias trabalhados durante a prisão. A folha de antecedências criminais de Nardoni, obtida pelo UOL em 27 de março deste ano, aponta que, em cálculo feito em julho de 2015, Nardoni só poderia requerer a progressão em 30 de julho de 2019, mesmo trabalhando durante esse período.

Ouvido pela reportagem ainda no mesmo mês, o procurador de Justiça Criminal Francisco Cembranelli, responsável pela acusação do casal na época do crime, afirmou à reportagem em março que, pela condenação, sem contar as remissões, ele deveria cumprir 12 anos em regime fechado, indicando que a data prevista seria julho do ano que vem.

Para crimes graves, há um grau de exigência bastante grande. Não são raros os casos em que réus pedem o benefício, juízes indeferem e eles recorrem ao tribunal.

Francisco Cembranelli, responsável por acusar Nardoni

O casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foi condenado por atirar a menina do sexto andar de um prédio na zona norte da capital paulista, na noite de 29 de março de 2008. A madrasta foi condenada a 26 anos.

Por bom comportamento e após ter cumprido dois quintos de sua pena, Anna Carolina Jatobá, a madrasta de Isabela Nardoni, foi beneficiada com o regime semiaberto em agosto de 2017. A juíza que aprovou a progressão apontou que, durante todo o período de prisão, Anna Carolina nunca teve uma infração disciplinar.

Nardoni e Anna sempre negaram o crime. O advogado Roberto Podval não se manifestou a respeito do resultado do exame criminológico.