Futuro secretário da Segurança Pública de SP fala em adestrar o policial
Anunciado nesta semana como futuro secretário da Segurança Pública de São Paulo do governador eleito João Doria (PSDB), o general João Camilo Pires de Campos, 64, da reserva do Exército brasileiro, afirmou em entrevista ao UOL que "decisão do governador é missão, e missão se cumpre".
Dos seus 64 anos, 48 deles foram destinados às Forças Armadas. O general exerceu oito comandos até então. Entre eles, o da Escola de Comando, do Estado-Maior do Exército (responsável pela formação de futuros generais) e, por duas vezes, o Comando Militar do Sudeste. Também assessorou o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) na campanha eleitoral deste ano.
"Encaro esta missão como meu nono comando. Já comandei tropas que atuaram no Mato Grosso, Rio Grande do Norte, no Rio de Janeiro --em 27 comunidades diferentes. Essas experiências são lições aprendidas. Vamos desencadear ações para que os índices da criminalidade recuem", afirmou à reportagem nesta quarta-feira (14).
"No entanto, ainda estou conhecendo o terreno, no que chamamos de análise de consciência situacional", disse.
O general diz querer aproximar mais os policiais do estado à população e, assim, fazer com que os que vivem em São Paulo tenham maior confiança nas forças de segurança.
Entendo que o profissional policial militar sabe atuar tanto na periferia como em outras áreas. Essa relação do policial que protege a sociedade com os integrantes vai do adestramento e preparação de cada um
General João Camilo Pires de Campos
Questionado como faria isso, o general afirmou que o "adestrando a tropa" se dará num contexto de treinamento e doutrinação dos policiais. "O policial é um profissional preparado. Num contexto da ação de comando, nessa cadeia toda de policiais, digo que todos eles querem acertar. E vão acertar", complementou.
A posição é contrária ao que disse ao UOL, no ano passado, o comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), Ricardo de Mello Araújo. Ele defendeu que a abordagem em um bairro de classe alta deve ser diferente da ocorrida na periferia.
Uma das propostas de Doria para o futuro governo é expandir o "padrão Rota" para o interior de São Paulo, através da implantação de batalhões especializados.
"Decisão do governador é missão, e missão se cumpre. Vamos colocar tudo isso, acalmar, pé no chão, quanto custa um batalhão, a despesa, o custo, os cargos. Será uma incrementação pouco a pouco", disse à reportagem o futuro secretário da pasta.
Redução da criminalidade
A partir do período de análise atual, o general pretende traçar estratégias, junto a sua equipe e polícias, para reduzir os índices de criminalidade no estado.
Entre eles, os registros de estupro, que subiram 11% (de 8.048 para 8.961) entre o ano passado e este ano, segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), e a letalidade policial, que bateu recorde em 2017, com 939 pessoas mortas pelas polícias Civil e Militar.
"Tenho a convicção de que esses índices serão melhorados. Vamos desencadear ações, mas elas serão estratégicas. Primeiro, vamos levantar quais são os problemas que fazem com que esses indicadores (estupro e letalidade policial) estejam altos", declarou.
"Para reduzir a letalidade, por exemplo, é não chegar a ações extremas. E nós vamos precisar ter medidas efetivas para proteger todas as mulheres. Por isso, é necessário um estudo prévio para que tudo seja efetivo", afirmou o futuro secretário.
Doria foi criticado durante a campanha, e após a eleição, por opositores e por aqueles que fazem a defesa dos Direitos Humanos na área da segurança, depois de afirmar que o policial deve "atirar para matar" e que os policiais que matarem devem ter, pagos pelo estado, "os melhores advogados" disponíveis.
Atualmente, os policiais são defendidos por associações ou por advogados privados.
O futuro secretário o defendeu. "No confronto, você tem do seu lado, como cidadão paulista, uma força policial que existe para lhe proteger. Ante um óbito de um policial e de um bandido, que o que está à margem saia perdendo. O policial precisa se defender porque ele nos defende. A ação policial é uma ação profissional", disse à reportagem.
Há na alma do combatente militar as regras de engajamento, como deve proceder. Ninguém mata por matar. Policiais não matam por matar. É uma momentânea conjuntural.
General João Camilo de Campos, futuro secretário da Segurança
No entanto, o militar defende que o policial só deve atirar em última instância. "E dependendo das circunstâncias", disse.
"Sempre tem como melhorar. Agora, vamos considerar o seguinte. Estamos herdando um legado muito bom dos governos anteriores. A meta é fazer estudo do terreno, entender os pontos fracos, pontos fortes, melhorar e ter uma segurança melhor no estado".
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