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"Muito arrependido", diz cozinheiro preso por esfaquear homem na Paulista

Fúvio Rodrigues de Matos, 32, detido sob suspeita de matar cabeleireiro na avenida Paulista - 25.dez.2018 - Divulgação/Polícia Civil
Fúvio Rodrigues de Matos, 32, detido sob suspeita de matar cabeleireiro na avenida Paulista Imagem: 25.dez.2018 - Divulgação/Polícia Civil

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

26/12/2018 09h07

Fúvio Rodrigues de Matos, 32, foi detido por policiais civis, na região do Paraíso, zona sul da capital, por volta das 17h30 da última terça-feira (25), tarde de Natal. Suspeito de ter esfaqueado e matado o cabeleireiro Plínio Henrique de Almeida Lima, 30, na noite de sexta-feira (21), Matos afirmou estar arrependido e agido em legítima defesa.

Matos é cozinheiro de uma grande rede internacional de hotéis. A empresa fica na avenida Brigadeiro Luiz Antônio. Ele afirmou em depoimento à polícia, obtido pelo UOL, que, na sexta-feira (21) havia trabalhado entre 14h e 22h. Na esquina entre a avenida do hotel onde trabalha e a avenida Paulista, ele atingiu o cabeleireiro, que chegou a ser socorrido no Hospital das Clínicas, mas não resistiu aos ferimentos.

De acordo com a versão apresentada por Matos no 78º DP (Distrito Policial), nos Jardins, para onde foi levado, o cozinheiro ia ao metrô com um colega de trabalho. "Em certo momento, começou a chover e eu falei para o meu colega: 'corra que nem homem'. Nesse momento, uns quatro rapazes passavam por mim e um deles, esse com o qual eu briguei logo depois, me disse: 'você está falando comigo?'", afirmou.

Ainda de acordo com seu depoimento à polícia, Matos disse que continuou caminhando. "Eles me cercaram, uns três ou quatro, e um deles rasgou uma lata e começou a chegar bem perto de mim. Então, eu levantei a mão e passei no peito dele, passando um canivete que eu levava na bolsa. Eu saí andando e os outros vieram para cima de mim, correndo", disse.

Faca apreendida com Fúvio e que teria sido usada para atacar cabeleireiro na avenida Paulista - 25.dez.2018 - Divulgação/Polícia Civil - 25.dez.2018 - Divulgação/Polícia Civil
Canivete apreendido com Fúvio e que teria sido usado para atacar cabeleireiro na avenida Paulista
Imagem: 25.dez.2018 - Divulgação/Polícia Civil

"Eu falei: 'vai embora, que eu não quero confusão'. Então, eu estava apavorado, desci a escada e fui embora. Eu quero dizer que sou trabalhador e não queria confusão. E estou muito arrependido pelo que aconteceu", complementou. À Polícia Civil, Matos afirmou ter um filho de 5 anos e uma união estável. A Justiça paulista decretou a prisão temporária do cozinheiro, por 30 dias. 

Amigos da vítima apresentaram à polícia versão diferente do depoimento de Matos --segundo as testemunhas, o cozinheiro teria provocado o grupo com diversas ofensas homofóbicas.

O caso foi registrado como homicídio qualificado por motivo fútil no 78º DP. A polícia chegou até o cozinheiro após analisar câmeras de segurança da rua, que gravaram a confusão entre eles, além de vídeos do metrô e informações do bilhete único. 

Plínio Henrique de Almeida Lima, 30, morto na avenida Paulista - Reprodução - Reprodução
Plínio Henrique de Almeida Lima, 30
Imagem: Reprodução

Segundo o primeiro boletim de ocorrência do caso, o cabeleireiro Plínio Lima retornava do parque Ibirapuera com três pessoas quando dois homens começaram a ofendê-los. Ainda de acordo com o documento, quando o grupo estava próximo à avenida Paulista, um dos acompanhantes de Plínio ficou irritado e discutiu com o autor do crime. O colega posteriormente agrediu o suspeito, que pegou uma faca e feriu Plínio no tórax. 

O autor do crime fugiu com o colega para a estação de metrô Brigadeiro. O colega de Matos, segundo as testemunhas ouvidas pela polícia, não ofendeu o grupo em que estava o cabeleireiro, e chegou a pedir que Matos não xingasse os rapazes, que são homossexuais. Felipe Almeida Lima, irmão da vítima, afirmou que o crime teve a homofobia como motivação.

"Iríamos passar o Natal juntos. Infelizmente, aconteceu isso", disse Felipe. "Nem animal é tão ruim quanto o ser humano", complementou. Além de trabalhar como cabeleireiro, Plínio era casado e complementava sua renda familiar como auxiliar de cozinha e garçom em restaurantes.

O delegado Hamilton Rocha Benfica, responsável pela investigação, afirmou à reportagem que falaria ainda nesta quarta com o colega de trabalho do cozinheiro. "O autor foi enfático ao negar cunho homofóbico. Já as três testemunhas, marido ou companheiro da vítima e amigos, disseram que ele fez várias ofensas homofóbicas", disse.

Imagens mostram homem que esfaqueou cabeleireiro em SP

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