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PM é condenado a 24 anos e meio de prisão por matar jovem a pauladas em SP

Estudante Gabriel Alberto Tadeu Paiva, 16, morreu em 20 de abril  de 2017 - Arquivo Pessoal
Estudante Gabriel Alberto Tadeu Paiva, 16, morreu em 20 de abril de 2017 Imagem: Arquivo Pessoal

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

18/01/2019 00h46

O policial militar Jefferson Alves de Souza, do 22º Batalhão da Polícia Militar de São Paulo, foi condenado a 24 anos e 6 meses de prisão no final da noite desta quinta-feira (17) pelo assassinato de Gabriel Alberto Tadeu Paiva, 16, com uma paulada na cabeça, ocorrido em 2017. O PM poderá recorrer, mas não em liberdade. 

Outro policial militar réu no processo, Thiago Quintino Meche, foi inocentado por inexistência de provas de que teria cometido a agressão. Segundo conclusões da juíza Débora Faitarone, da 1ª Vara do Júri de São Paulo, ele teria apenas testemunhado o acontecido. 

Os dois policiais militares foram a júri popular, que começou às 12h30 e terminou às 23h, no Fórum Criminal da Barra Funda. Meche e Souza estavam presos preventivamente desde julho de 2017 no presídio Romão Gomes e sempre negaram a autoria do crime. 

Em dezembro passado, a defesa dos dois policiais chegou a pedir revogação da prisão alegando falta de provas de participação no crime, o que foi negado pela Justiça. O UOL tentou contato com a defesa após a sentença, mas não foi atendida até a publicação da reportagem.

O crime aconteceu na rua Vila Missionária, no bairro Cidade Ademar, zona sul de São Paulo, em abril de 2017.

Para Ariel de Castro Alves, advogado que acompanha o caso por meio do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), uma decisão como essa "também serve para evitar que esse mesmo policial que foi condenado faça novas vítimas e para inibir outros policiais de cometerem atos similares".

Família

Após quase dois anos aguardando julgamento, Tatiane Godoy, 32, prima de Gabriel, disse ao UOL que "achou justa a pena aplicada". "Infelizmente, só não havia provas suficientes para condenar o Thiago [Meche, outro PM acusado], mas continuaremos investigando. O sentimento é de justiça e alívio", afirmou Tatiane.

"As famílias acabam sofrendo em dobro nesses casos porque as defesas dos policiais tentam desqualificar as vítimas e justificar a brutalidade e a crueldade dos policiais", afirmou Castro Alves.

Entenda o caso 

Gabriel morreu em 20 de abril de 2017. A investigação denunciada pelo Ministério Público apontava que ele havia sido agredido na cabeça com um taco de madeira. 

Segundo familiares, no dia da agressão (16 de abril), Gabriel estava reunido com seus amigos na rua Vila Missionária, no bairro Cidade Ademar, zona sul de São Paulo, próximo a um carro em que se ouvia funk. 

Pessoas que presenciaram o momento e prestaram depoimento à Polícia Civil contaram que, para dispersar os jovens do local, quatro PMs os ameaçaram, um deles com um pedaço de madeira. 

Os militares, em depoimento colhido à época na delegacia da Vila Joazina, disseram que havia um baile funk na região e que a PM foi acionada para dispersar os jovens. Segundo eles, uma mulher avisou que Gabriel estava machucado e caído no chão, e eles foram socorrê-lo.

Após a agressão, Gabriel Paiva foi internado com um coágulo no cérebro e morreu quatro dias depois. 

Testemunhas também afirmam, como citado pela Justiça, que o policial Jefferson era apelidado de "Negão da Madeira", porque costumava revistar os jovens da região com um pedaço de madeira em mãos.