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Bombeiros: 3 barragens romperam, e pode haver de 200 a 300 desaparecidos

Ana Carla Bermúdez e Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Brumadinho (MG)

25/01/2019 18h16Atualizada em 26/01/2019 06h58

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informou nesta sexta-feira (25) que foram três, e não apenas uma, barragens da mineradora Vale que se romperam no final desta manhã em Brumadinho, a cerca de 60 km de Belo Horizonte, espalhando lama pela cidade. Segundo a corporação, o número de desparecidos e possíveis vítimas é estimado entre 200 e 300 pessoas. Até o momento, não há informações oficiais sobre mortos.

Mais tarde, a Vale informou que apenas uma barragem se rompeu, mas que outras duas foram atingidas.

Em entrevista coletiva concedida no Rio de Janeiro, o presidente da Vale, Fabio Schvarstman, declarou que aproximadamente 100 trabalhadores da empresa que estavam na área administrativa da barragem já foram encontrados. Os bombeiros e a Defesa Civil não informaram esses números.

À Globo News, o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros, disse que o rompimento da primeira barragem acabou sobrecarregando as outras duas, que romperam em seguida.

Aihara também afirmou que o número de vítimas fatais pelo acidente pode superar a quantidade de mortos de Mariana, onde uma barragem da Samarco se rompeu há três anos e dois meses. Ele justificou a previsão pelo fato de o rompimento de Brumadinho acontecer em uma área com maior concentração de pessoas.

Infelizmente, [o número de mortos] pode superar a quantidade de vítimas fatais de Mariana
tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros em MG

Segundo Aihara, os bombeiros monitoram o risco de rompimento de outras barragens da região. Apesar de não haver riscos de novos rompimentos no momento, os bombeiros aconselham que moradores de áreas próximas ao local não retornem a suas residências em busca de pertences. Ele disse que os Bombeiros montaram uma operação "de guerra" e que os militares continuarão trabalhando durante toda a madrugada.

De acordo com os Bombeiros, o número de desaparecidos foi calculado considerando a informação de que 100 funcionários da Vale estariam em uma área próxima ao local, além de considerar a capacidade máxima de restaurantes e estabelecimentos comerciais da região atingida pelos rejeitos.

Imagem de área afetada pela lama despejada após o rompimento de barragens em Brumadinho Imagem: Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress

Mais cedo, a Vale informou, em nota, que empregados da área administrativa da empresa estavam na região atingida pelos rejeitos, indicando a possibilidade de vítimas. Ainda segundo a Vale, parte da comunidade da Vila Ferteco também foi atingida.

Os bombeiros informaram que 51 oficiais e 6 aeronaves trabalham na ocorrência. 

O hospital João XXIII, em Belo Horizonte, para onde estão sendo encaminhadas as vítimas, confirmou ter recebido cinco feridos em decorrência do acidente. 

Segundo o hospital, o quadro de saúde das vítimas é estável. São elas: dois homens, ambos de 55 anos, uma mulher de 43 anos, uma de 15 anos e outra de 22 anos.

Moradores procuram desaparecidos

Moradores do entorno da mina do feijão relatam que têm conhecidos e parentes que estavam no local no momento em que a barragem da Vale se rompeu.

Wagner Santana, que tem uma propriedade na região, disse que há quatro horas tenta entrar em contato com uma nora e um concunhado que trabalham no local. Mas os telefones estão sem sinal.

"Morreu todo mundo. Tem jeito não. É barro puro", afirmou Cleber Marques que deixou sua casa, próxima à barragem, logo após a tragédia. "A lama cobriu tudo. Não dá pra ver nada", disse ele.

O caso de Brumadinho acontece três anos e dois meses após o rompimento de uma barragem da Samarco em um distrito de Mariana, também em Minas Gerais. A Vale é uma das controladoras da Samarco. Dezenove pessoas morreram na ocasião e milhares perderam as casas em função do vazamento de 40 bilhões de litros de lama.

Segundo o site da mineradora Vale, a barragem I, que rompeu nesta sexta-feira, tinha capacidade de 12,7 milhões de metros cúbicos. Para efeito de comparação, a barragem da Samarco, operada pela Vale com a australiana BHP, tinha 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos.

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