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Bombeiros continuam buscas por desaparecidos após desabamento no Rio

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

13/04/2019 11h21

Já dura mais de 24 horas o trabalho do Corpo de Bombeiros, na comunidade da Muzema, no Itanhangá, zona oeste do Rio de Janeiro, onde dois prédios desabaram, deixando sete mortos. O local continua interditado. Os bombeiros fizeram um alerta pedindo que drones não sejam utilizados no local, pois atrapalham o trabalho de resgate das vítimas que está sendo feito com auxílio de helicóptero.

Segundo o coronel Luciano Sarmento, do Corpo de Bombeiros, 17 pessoas ainda estão desaparecidas, e as buscas não foram interrompidas durante a madrugada. "É um trabalho difícil (...) Esse cenário é muito mais propício a encontrarmos vida. A gente pode trabalhar com células, onde essas células têm ali um pequeno habitat onde a pessoa pode se manter viva, respirando", disse.

Realmente o tempo é nosso inimigo, mas temos relatos de pessoas que sobreviveram em desastre de até sete dias. Iremos trabalhar o tempo todo para achar pessoas com vida.
Coronel Luciano Sarmento

Segundo ele, as equipes dos Bombeiros contam com a ajuda de cães farejadores. "Estamos agora com 17 vítimas desaparecidas, 15 vítimas encontradas. Fizemos trabalho a noite toda de mapeamento e organização das operações." Ainda de acordo com o coronel, a área foi dividida em quatro para a realização de buscas. "Estamos trabalhando até o final com a esperança de encontrarmos vidas."

Moradores tiveram minutos para buscar pertences

Pela manhã, a Defesa Civil liberou a entrada de moradores de prédios vizinhos ao que desabaram para que as famílias buscassem pertences.

"Eles deram cinco minutos. Foram cinco minutos para pegar muda de roupa, remédio e documento", contou Maria Larissa, 19, auxiliar de serviços gerais.

Ela disse que saiu de casa para trabalhar e soube do desabamento do prédio vizinho pela televisão. Desde então, não conseguiu retornar para casa. "Eu estou dormindo na casa da minha irmã, e o resto da família, na casa de vizinhos".

Larissa e a família moram na Muzema há um ano. Ela deixou a Rocinha, comunidade da zona sul do Rio, fugindo dos frequentes tiroteios da região.

"Fugimos da violência e agora estamos passando por isso. Estamos sem casa."

A família teme que o imóvel não seja liberado mesmo após o fim do trabalho do Corpo dos Bombeiros.

O secretário municipal de Infraestrutura e Habitação do Rio de Janeiro, Sebastião Bruno, informou ontem que três prédios nos arredores dos outros dois que desabaram foram interditados pelo risco de desabamento e serão demolidos.

À espera de notícias

Parentes passaram à noite no local do desabamento a espera de notícias. É o caso da Márcia Rodrigues. Ela está desde ontem no local a espera do resgate do sobrinho Ruan Amorim Rodrigues, de dez anos, e da mãe dele, Zenilda Bispo Amorim, 31.

"Eu só fui em casa às 4h10 para tomar um banho. Estou à base de café. Aos nossos olhos, parece impossível serem resgatados com vida, mas tenho fé. Para Deus, nada é impossível", afirmou.

Márcia contou que pediu várias vezes que a família deixasse o local por não achar seguro.

"Eles tinham uma opinião diferente da minha. Um dia antes voltei a perguntar quando sairiam daí e não me responderam. O prédio caiu 6h30, eles costumavam sair de casa 7 horas."

Rede de Solidariedade

Católicos da Paróquia São Bartolomeu e evangélicos da Igreja Batista Recomeço se reuniram na manhã de hoje no local do desabamento para distribuir água, café e refeições aos moradores da região que ficaram desabrigados devido aos impactos da chuva.

O grupo também já se organiza para a distribuição de quentinhas para almoço.

"Assim que a gente soube, viemos pra cá para ajudar. Já arrecadamos frutas, alimentos. Estamos nos revezando em equipes da manhã, tarde e noite. Têm famílias abrigadas da igreja", contou Veronica Melo, 25, da Paróquia São Bartolomeu.

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