RJ: seguem hospitalizados sobreviventes do ataque a tiros que matou músico
As duas vítimas que sobreviveram ao ataque a tiros feito por militares que mataram o músico Evaldo Rosa dos Santos, com 82 disparos, no último dia 7, seguem hospitalizadas.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, o catador de papel Luciano Macedo segue internado em estado grave no Hospital estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, zona norte da capital fluminense. Ele foi atingido quando tentava socorrer a família que estava no veículo alvejado pelos militares.
Já o sogro de Evaldo, Sérgio Guimarães Araújo, está internado no Hospital Albert Schweitzer, no bairro de Realengo, na zona oeste. Ele foi atingido por quatro vezes e, segundo a Secretaria, tem quadro "estável".
Nove militares seguem presos pelo crime
A Justiça Militar determinou na última quarta (10) que nove dos dez militares que foram presos em flagrante pelo assassinato do músico permaneçam detidos. Durante audiência de custódia, a juíza Mariana Aquino de Campos, da 1ª Auditoria da Justiça Militar, converteu as prisões em flagrante para preventivas. Os nove militares confirmam ter disparado contra o veículo dirigido por Evaldo.
O soldado Leonardo Delfino Costa alegou não ter atirado e, por isso, foi liberado --apesar disto, ele segue sendo investigado pelo Exército brasileiro, que assumiu as investigações.
O pedido para liberação de Delfino Costa foi feito pelo MPM (Ministério Público Militar), que afirma não haver provas de participação efetiva no assassinato.
O procurador de Justiça Militar Luciano Moreira Gorrilhas informou que o pedido para as prisões teve como fundamento os crimes de homicídio e tentativa de homicídio que teriam sido cometidos pelos militares. As penas para o crime de homicídio previstas no Código Penal Militar variam entre seis e vinte anos de reclusão.
Para a Procuradoria de Justiça Militar, que pediu a prisão preventiva dos envolvidos, foram descumpridos os princípios e regras que regulamentam o uso da força pelos militares em ações de segurança.
Veja quem são os 9 militares presos:
- Ítalo da Silva Nunes Romualdo - 2º tenente do Exército
- Fábio Henrique Souza Braz da Silva - 3ª sargento do Exército
- Gabriel Christian Honorato - Soldado do Exército
- Matheus Santanna Claudino - Soldado do Exército
- Marlon Conceição da Silva - Soldado do Exército
- João Lucas da Costa Gonçalo - Soldado do Exército
- Leonardo Oliveira de Souza - Soldado do Exército
- Gabriel da Silva Barros Lins - Soldado do Exército
- Vitor Borges de Oliveira - Soldado do Exército
Tenente confirma ter dado o primeiro disparo
O 2º tenente do Exército Ítalo da Silva Romualdo disse, durante a audiência, ter sido o autor do primeiro disparo em direção ao veículo dirigido por Evaldo. No entanto, ele nega ter dado a ordem para que os outros militares atirassem. Nas palavras dele, os outros militares dispararam "espontaneamente" na mesma direção ao vê-lo atirando.
Todos os ouvidos disseram que alguns minutos antes, os militares haviam trocado tiros com um veículo de características similares, no bairro de Guadalupe. Ao ver o carro de Evaldo e ouvir um disparo realizado na região, o tenente deu o primeiro tiro.
82 tiros
O carro em que Evaldo estava foi metralhado por militares com 82 disparos. Evaldo estava com a família a caminho de um chá de bebê quando foi abordado no bairro de Guadalupe, na zona norte da capital.
As primeiras informações divulgadas pelo Exército diziam que a tropa havia "reagido a uma agressão oriunda de criminosos a bordo de um veículo". Segundo a família, a vítima não tinha qualquer envolvimento com o crime.
Em comunicado, o CML (Comando Militar do Leste) chegou a informar que, "com base em informações iniciais transmitidas pela patrulha, foi emitida nota segundo a qual a tropa teria reagido a uma agressão oriunda de criminosos a bordo de um veículo".
"Em virtude de inconsistências identificadas entre os fatos inicialmente reportados [pelo militares envolvidos na ação] e outras informações que chegaram posteriormente ao Comando Militar do Leste, foi determinado o afastamento imediato dos militares envolvidos, que foram encaminhados à Delegacia de Polícia Judiciária Militar para tomada de depoimentos individualizados", continua a nota.
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