Guarda municipal desfaz tapete em homenagem a Marielle em Ouro Preto
Um guarda municipal de Ouro Preto desfez com os pés, na madrugada de ontem, um tapete de pó de serragem colorido feito em homenagem a Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio assassinada por milicianos em março do ano passado.
A ação do agente municipal, observada por dois colegas, causou revolta em populares que trabalhavam na confecção do tapete e que manifestaram repúdio à atitude.
Um vídeo, que circula pelas redes sociais e por meio de aplicativos de troca de mensagens, mostra a ação. Nele é possível ver um oficial desfazendo o tapete com os pés enquanto outros dois guardas observam.
Inconformadas, pessoas gritam palavras de ordem contra a ação dos guardas. "Ninguém vai chutar. Respeito à comunhão e à liberdade de expressão", grita um homem para os guardas.
Também na gravação, outras pessoas gritam "Marielle, presente" e xingam o presidente Jair Bolsonaro (PSL).
As montagens com pó de serragem colorido são uma tradição de 300 anos na histórica cidade mineira, confeccionados durante a madrugada pela população, para a procissão da Páscoa, no domingo.
Este ano, um deles homenageava a vereadora e o seu motorista, Anderson Gomes, também morto no atentado.
Por meio de nota, o comando da Guarda Municipal de Ouro Preto informou que "a liberdade de expressão não é absoluta ainda mais quando outros direitos estão sendo afetados". O comando, porém, não disse quais direitos foram "afetados".
Episódio idêntico ocorreu no em abril de 2018, quando um agente da Guarda Municipal de Ouro Preto também destruiu um tapete em homenagem à Marielle.
À época, a Guarda Civil alegou que cumpria orientação da prefeitura para evitar manifestações políticas na Páscoa. Este ano, a corporação lembrou o episódio ocorrido no ano passado.
"O recado já foi dado em 2018, em 2019 não foi diferente. Respeitem Ouro Preto, nossas tradições. Vale salientar que os guardas só desmancharam os tapetes com os pés, porque não tínhamos outro instrumento", diz a nota da Guarda Municipal.
A Arquidiocese de Mariana, que inclui Ouro Preto, não se manifestou sobre o episódio até o momento.
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