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Músico fuzilado no Rio foi atingido por 9 disparos feitos por militares

7.abr.2019 - Evaldo dos Santos Rosa foi baleado por militares no bairro de Guadalupe, na zona oeste do Rio de Janeiro - Reprodução/Facebook
7.abr.2019 - Evaldo dos Santos Rosa foi baleado por militares no bairro de Guadalupe, na zona oeste do Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/Facebook

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

01/05/2019 13h57Atualizada em 01/05/2019 13h57

O músico Evaldo Rosa dos Santos morreu atingido por 9 dos 83 tiros disparados por militares contra ele, no último dia 7. A informação é da TV Globo, que teve acesso ao laudo de necrópsia que faz parte do Inquérito Policial Militar.

De acordo com o documento, todos os nove disparos acertaram Evaldo pelas costas --dois tiros o atingiram na região da cabeça, enquanto outros sete ficaram alojados na região do tórax.

A outra vítima do acidente, o catador de latas Luciano Macedo, morreu atingido por três tiros quando tentava socorrer Evaldo e a família.

As informações quanto ao laudo de necrópsia de Evaldo vêm à tona um dia depois de o MPM (Ministério Público Militar) ter recomendado ao STM (Superior Tribunal Militar) a libertação dos nove militares que seguem detidos desde o dia do assassinato.

Em seu parecer, o subprocurador-geral da Justiça Militar Carlos Frederico de Oliveira Pereira considerou que os militares não descumpriram as regras de conduta, porque "tentavam salvar um civil da prática de um crime de roubo".

Veja quem são os 9 militares presos:

  • Ítalo da Silva Nunes Romualdo - 2º tenente do Exército
  • Fábio Henrique Souza Braz da Silva - 3ª sargento do Exército
  • Gabriel Christian Honorato - Soldado do Exército
  • Matheus Santanna Claudino - Soldado do Exército
  • Marlon Conceição da Silva - Soldado do Exército
  • João Lucas da Costa Gonçalo - Soldado do Exército
  • Leonardo Oliveira de Souza - Soldado do Exército
  • Gabriel da Silva Barros Lins - Soldado do Exército
  • Vitor Borges de Oliveira - Soldado do Exército

Tenente confirma ter dado o primeiro disparo

O 2º tenente do Exército Ítalo da Silva Romualdo disse, durante a audiência no MPM, no mês passado, ter sido o autor do primeiro disparo em direção ao veículo dirigido por Evaldo. No entanto, ele nega ter dado a ordem para que os outros militares atirassem. Nas palavras dele, os outros militares dispararam "espontaneamente" na mesma direção ao vê-lo atirando.

Todos os ouvidos disseram que alguns minutos antes, os militares haviam trocado tiros com um veículo de características similares, no bairro de Guadalupe. Ao ver o carro de Evaldo e ouvir um disparo realizado na região, o tenente deu o primeiro tiro.

Mais de 80 tiros

Segundo a Polícia Civil do Rio --que fez os primeiros trabalhos de investigação, antes da transferência do caso para o Exército-- 83 disparos foram feitos contra o veículo em que Evaldo estava com a família a caminho de um chá de bebê. O número de tiros foi atualizado no laudo. Ele foi abordado no bairro de Guadalupe, na zona norte da capital. O sogro dele, que estava no veículo, ficou ferido e segue hospitalizado.

As primeiras informações divulgadas pelo Exército diziam que a tropa havia "reagido a uma agressão oriunda de criminosos a bordo de um veículo". Segundo a família, a vítima não tinha qualquer envolvimento com o crime.

Em um comunicado, o CML (Comando Militar do Leste) informou que, "com base em informações iniciais transmitidas pela patrulha, foi emitida nota segundo a qual a tropa teria reagido a uma agressão oriunda de criminosos a bordo de um veículo".

"Em virtude de inconsistências identificadas entre os fatos inicialmente reportados [pelo militares envolvidos na ação] e outras informações que chegaram posteriormente ao Comando Militar do Leste, foi determinado o afastamento imediato dos militares envolvidos, que foram encaminhados à Delegacia de Polícia Judiciária Militar para tomada de depoimentos individualizados", continua a nota.