Topo

Ele destruiu uma família, diz pai de jovem morta; ex tem prisão decretada

Luiza Nascimento Braga teve corpo encontrado em apartamento do ex-namorado - Reprodução/Facebook
Luiza Nascimento Braga teve corpo encontrado em apartamento do ex-namorado Imagem: Reprodução/Facebook

Pauline de Almeida

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

26/06/2019 14h10

A Justiça decretou hoje a prisão temporária de Bruno Ferreira Correa, 37, suspeito de matar a namorada Luiza Nascimento Braga, 25, no Rio de Janeiro. Ele apagou seus perfis nas redes sociais e está desaparecido desde a última semana.

Ontem, os pais, duas primas e um tio da universitária foram ouvidos na Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro e entregaram dois computadores localizados no apartamento de Bruno, onde a jovem foi encontrada morta no último sábado (22), no bairro do Anil, na zona oeste da cidade.

O pai da estudante, Luiz Braga, comunicou aos policiais o desaparecimento de dois celulares da filha, possivelmente levados por Bruno. Ele desconfia que uma mensagem recebida na última quinta-feira (20) tenha sido enviada pelo jovem se passando pela vítima.

Em entrevista ao UOL, Luiz também informou que os agentes já conseguiram acessar o perfil dela em uma rede social, em busca de mensagens que possam ajudar a desvendar o assassinato.

Só quero que encontre o rapaz para pagar. Ele destruiu não só a vida da minha filha, que a gente amava muito, mas da minha família. Minha mulher está à base de calmante
Luiz Braga, pai da universitária Luiza Nascimento Braga

Amigos da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), onde Luiza cursava ciências sociais e Bruno, história, têm ajudado a família a recuperar os últimos passos do casal.

Uma prima de Luiza relatou ao UOL que, diferente do que pensavam a princípio, a jovem esteve na faculdade na última quarta-feira (19) e foi embora com o namorado. Nesse mesmo dia, segundo um amigo da vítima também disse à família, Bruno parecia nervoso.

A reportagem tentou contato com a Polícia Civil para buscar detalhes sobre a investigação, mas só foi informado que as diligências continuam, sem novidades a serem divulgadas.

Crime ainda surpreende a família

Apesar de entregar os computadores encontrados no apartamento à Polícia Civil, Luiz Braga ainda não conseguiu olhar todos os objetos pessoais da filha no apartamento onde ela foi encontrada morta, com marcas de estrangulamento e objetos cortantes no pescoço.

As roupas deixadas por Luiza não foram tocadas pelo pai, que ainda fica surpreso com o desfecho de um namoro que parecia saudável. "A gente abriu a nossa casa para ele. Se a gente soubesse de alguma coisa, não deixaria ele entrar", declarou Luiz.

A família de Bruno Ferreira Correa, 37 anos, é de Nova Friburgo e ele acabou sendo acolhido pelos pais da namorada. Atualmente, o relacionamento estava em crise e Luiza chegou a romper com o namorado, mas decidiu reatar.

A gente ficava com pena dele porque ele tratava bem nossa filha, era carinhoso com ela. A gente ficou com pena porque ele era humilde
Luiz Braga, falando sobre o namoro da filha com Bruno Ferreira Correa

Se externamente, o casal parecia feliz, uma mensagem postada pela universitária no dia 11 de junho deixou dúvidas em pessoas próximas. Ela compartilhou uma imagem de uma página chamada "Relacionamento Abusivo", que diz: "sempre que você se cala diante de uma atitude ou uma situação que não gostou, dá ao outro passe livre para continuar te magoando"

Ativa, Luiza era militante de várias causas, entre elas o feminismo, o combate à violência e o racismo. Amigos relatam que ela dividia a luta por esses assuntos com o namorado.

Além da graduação em ciências sociais, a universitária de 25 anos fazia cinema na PUC (Pontifícia Universidade Católica). Amigos relatam que, por onde andava, tinha frequentemente a companhia da máquina fotográfica.

Seu amor pelas artes gerou uma nota de pesar do coletivo das Diretoras de Fotografia do Brasil. "É chocante perder uma de nós vitimada por um possível feminicídio. O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking de feminicídio (ONU) e, em 2019, os relatos desse crime aumentaram 76% no 1º trimestre em relação ao ano anterior...Nos solidarizamos com a dor da família e com o sentimento de vulnerabilidade de todas as mulheres do mundo diante de casos como o da Luiza", diz a publicação.