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Por que uma teia de aranha gigante tomou conta de rua em Ribeirão Preto?

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

26/06/2019 11h58

Uma das vias mais movimentadas de Ribeirão Preto ganhou "moradores" que, para alguns, podem ser aterrorizantes: aranhas, que, em busca de alimentos, passaram a tecer suas teias em árvores que cortam o curso d'água que dá nome à cidade. As teias estão espalhadas em um trecho de um quilômetro ao longo da avenida Francisco Junqueira e, segundo especialistas, não prejudicam as árvores.

De acordo com o biólogo e professor de biologia Edmur Manfrim, a presença dos aracnídeos no local tem uma razão: a busca por alimentos. "As aranhas vivem em colônias, e são carnívoras. Elas se alimentam, entre outras coisas, de insetos. As árvores ficam sobre o Ribeirão Preto, local onde há muitos pernilongos e mosquitos. Principalmente de noite, eles ficam presos na teia, então a razão para que as teias estejam no local é a quantidade de alimentos disponível", conta.

A vendedora Maria Lança, que trabalha em uma loja de tintas em frente ao local onde as aranhas fizeram algumas das suas teias, a quantidade aumentou muito nos últimos seis meses. "Sempre teve, mas antes era bem menos. De uns seis meses pra cá, tomou conta de tudo", explica ela, que diz ter medo de aranha. "Vira e mexe a gente vê as aranhas nas teias, eu morro de medo", conta.

Já o administrador de empresas Fidélis dos Santos, que passa pelo local todas as manhãs, acha a imagem bonita. "Parece um véu cobrindo o rio, as árvores. Acho muito bonito, ainda mais com o tempo mais frio", afirma.

Inverno também colabora

Professor há mais de 40 anos e pós-graduado em gestão ambiental e biofísica, Manfrim explica que um dos fatores que contribui também é a chegada do inverno. "As folhas das árvores caem, facilitando a expansão das teias. Além disso, o nível do rio diminui, o que facilita a eclosão dos ovos de mosquitos e pernilongos. Isso tudo aumenta a oferta de alimento", detalha.

Segundo o biólogo, o tipo de aranha que fabrica esse tipo de teia não é natural da região. "Ainda não identifiquei a espécie exata, mas essas aranhas pertencem à família de aracnídeos do Cerrado brasileiro e em áreas de transição. Elas não são perigosas e não há nenhum prejuízo para as árvores", diz.