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Homem é filmado espancando e jogando cachorro no meio da rua

Daniel Leite

Colaboração para o UOL, em Juiz de Fora (MG)

31/07/2019 12h11

Um morador de Belém (PA) foi filmado por uma câmera de segurança espancando de forma brutal um cachorro de rua na última sexta-feira (26). Segundo o agressor, seu filho quase foi mordido pelo animal e, por isso, houve a reação. Mas ele admitiu ter se "perdido a cabeça".

O caso foi registrado pela polícia como maus-tratos contra animais. O vídeo viralizou em redes sociais e o rapaz, de 30 anos, se mudou do bairro com medo de represálias.

As imagens são fortes. O refrigerista Alan Gonzaga está com o filho, de quatro anos, na avenida Ceará, no bairro Canudos.

O garoto se afasta por alguns metros nas costas do pai, que, de repente, se vira para ver o que estava acontecendo.

Neste momento, segundo Gonzaga, o animal, que não teria dono, foi para cima do garotinho.

"O cachorro vai lá na direção do meu filho. Aí virei gritando que era para o cachorro não mordê-lo, aí o cachorro veio seguindo meu filho", disse Gonzaga à reportagem.

Nas imagens, é possível ver que o menino volta para perto do pai e o cachorros e aproxima, juntamente com outro animal.

Gonzaga pede para a criança entrar, pega um pedaço de madeira e começa a agredir o animal. Caído no chão, o cachorro é golpeado oito vezes.

Em seguida, um homem que seria um vizinho, segundo o refrigerista, surge na imagem.

"Você pode se prejudicar por causa desse cachorro de rua aí", teria dito o vizinho, segundo Gonzaga. Na sequência, o agressor pega o animal pelo rabo e o joga no meio da rua.

Por causa das pauladas, o cachorro corre o risco de perder um dos olhos, tem costelas e patas quebradas e está sob cuidados de uma clínica veterinária em Castanhal, na região metropolitana de Belém, de acordo com a polícia.

Gonzaga afirmou ter ido até a delegacia na mesma noite da agressão para explicar o ocorrido e registrar a tentativa de ataque do cachorro ao seu filho.

Ele disse ainda ter voltado à polícia nesta segunda-feira espontaneamente. O agressor disse que viu o vídeo e assume o descontrole. "Perdi a cabeça".

Agressor se mudou do bairro com medo de represálias

Assim que a filmagem das agressões se espalhou por redes sociais, também começou a circular um vídeo de dois homens dizendo estarem em frente à casa de Gonzaga.

Um deles fala que foram até lá "conversar e fazer o procedimento correto" e para "uma visita", mas o refrigerista não estava no local.

Gonzaga relatou ao UOL ter se mudado com receio de represálias. "Tive que sair de lá porque estava sendo ameaçado".

Vídeo não mostra risco ao filho do agressor, diz delegado

Na avaliação do delegado responsável pelo caso, Waldir Freire, o argumento do agressor de um possível ataque ao filho não ameniza a gravidade do crime cometido.

"No momento que ele agride o cachorro, a gente observa que não havia qualquer risco, qualquer tipo de circunstância que houvesse um perigo para o filho. Se houve anteriormente, já havia cessado. Ele foi bastante cruel no sentido de agredir daquela forma", afirma Freire, diretor da divisão especializada em meio ambiente.

O delegado apresentou outra versão e disse que Gonzaga só se apresentou à polícia na segunda-feira por ter se sentindo pressionado por saber que era procurado, e que o refrigerista não registrou nenhuma tentativa de ataque do cachorro ao menino na noite em que espancou o animal.

Gonzaga vai responder em liberdade, mas terá que se apresentar à justiça em até 10 dias. A pena para este tipo de crime é de detenção (restrição de direitos) de três meses a um ano, mais multa.

De acordo com o delegado, geralmente isso é convertido em serviços comunitários e pagamento de multa, com valor a ser definido pelo juiz.