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Operação mira braço financeiro da maior milícia do RJ

Imagem de arquivo de viatura da Polícia Civil do Rio de Janeiro - Divulgação
Imagem de arquivo de viatura da Polícia Civil do Rio de Janeiro Imagem: Divulgação

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

23/08/2019 09h23

A Polícia Civil do Rio em conjunto com Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio) realiza uma operação na manhã de hoje para cumprir 36 mandados de busca e apreensão em imóveis usados pela maior milícia do estado, mais conhecida como Liga da Justiça, comandada por Wellington da Silva Braga, o Ecko.

Segundo a Polícia Civil do Rio, o objetivo da ação é atacar o braço financeiro do grupo paramilitar que surgiu na zona oeste da capital fluminense.

Os policiais estão no Conjunto da Marinha, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense - um empreendimento do governo federal criado para beneficiar famílias de baixa renda.

De acordo com as investigações, os criminosos chegaram a expulsar famílias que tinham a posse dos imóveis e os negociaram com terceiros de forma ilícita. Os novos ocupantes tinham de pagar taxas regulares à milícia com o objetivo de ampliar o lucro da quadrilha.

As investigações começaram no mês de junho quando milicianos armados com fuzil tomaram o controle das comunidades Grão Pará, Pantanal, Dom Bosco, Marapicu e outras localidades que ficam às margens da Estrada de Madureira. De acordo com o Ministério Público, alguns criminosos que eram integrantes do Comando Vermelho (CV) e atuavam na região, após a chegada dos milicianos, foram recrutados pelos novos invasores e passaram a compor o grupo de milicianos.

"Os próprios 'ex-traficantes' ajudaram os novos comparsas a identificar quem teria envolvimento com o tráfico de drogas e seus familiares. Aqueles que não aceitaram ingressar na milícia fugiram do local e se refugiaram na Vila Kennedy, onde há atuação da facção criminosa CV", explicou o MP do Rio.

A ação busca identificar os legítimos proprietários e os invasores, além de arrecadar elementos de prova para o inquérito que apura o envolvimento dos síndicos dos condomínios com os criminosos, mediante o repasse de "taxas" exigidas.

Na região, eles começaram a explorar uma série de atividades como o comércio clandestino de gás, internet, TV a cabo, transporte público irregular, comércio de cigarros contrabandeados do Paraguai, venda irregular de imóveis e exploração imobiliária, extorsão de comerciantes, agiotagem, clonagem de cartões entre outros tipos de crime.

Os policiais também estão fazendo diligências em locais apontados pela investigação como centrais clandestinas de TV a cabo, internet e depósitos de gás utilizados pela milícia.

Operação prendeu 6 no mês passado

No mês de julho, uma operação da polícia em conjunto com o MP do Rio prendeu seis pessoas acusadas de integrar e movimentar recursos da Liga da Justiça.

Na época, o MP informou que o grupo usava uma empresa de terraplanagem para faturar R$ 42 milhões entre 2012 e 2017. O MP suspeitava que ao menos R$ 10 milhões desse montante eram relativos à lavagem de dinheiro de atividades ilícitas do grupo criminoso.

Os seis presos foram denunciados pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Entre eles, havia um policial militar reformado identificado como Clayton da Silva Novaes.

Quadrilha de Ecko

A quadrilha de Ecko é conhecida por atuar principalmente nos bairros de Campo Grande, Santa Cruz e Paciência, no Rio de Janeiro. A atuação deles na região ocorre desde a década de 1990.

Ecko assumiu o cargo em 2017, após a morte do irmão, Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, também miliciano. Ele morreu em confronto com a polícia.

No ano passado, uma ação da polícia para averiguar uma informação de que Ecko estaria em uma festa em Santa Cruz, na zona oeste do Rio, terminou com 159 detidos.
Com a chegada da polícia houve troca de tiros e Ecko conseguiu fugir.