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Como era o Badim, hospital parte do grupo que cuida de Bolsonaro em SP

Novo prédio do Hospital Badim foi inaugurado em 2018 - Divulgação
Novo prédio do Hospital Badim foi inaugurado em 2018 Imagem: Divulgação

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

13/09/2019 11h19Atualizada em 13/09/2019 14h54

"Hotelaria hospitalar de luxo." O Hospital Badim, no Rio, atingido ontem por um incêndio, era dessa maneira apresentado pela Rede D'Or São Luiz, a quem é associado. O grupo é dono da bandeira Star, que atualmente cuida da recuperação do presidente Jair Bolsonaro (PSL), em São Paulo.

Inaugurado em 2000, o hospital que fica no Maracanã, zona norte do Rio, assumiu o status de "hotel" no ano passado, quando inaugurou um novo prédio anexo ao primeiro edifício (o que pegou fogo). Agora com 15,7 mil m² de área construída, o complexo passou a contar com 128 leitos de internação com quatro suítes master de 63 m² cada uma.

Quem era internado em um dos 11 leitos da Unidade Cardio Intensiva se recuperava em uma sala com iluminação natural. O novo setor de emergência atendia 5.000 pacientes por mês em um andar exclusivo para isso.

O hospital divulgava ainda suas instalações de ponta, como a sala de tomografia computadorizada, "uma das mais modernas do Rio", segundo o site da empresa, que também afirmava oferecer "ressonância magnética de última geração".

Ao todo, o Badim tinha 60 médicos que se dividiam em 40 especialidades, 28 delas cirúrgicas, sua principal vocação. Eram 600 operações por mês, como cirurgia bariátrica, cardíaca, oncológica, de coluna, plástica e vascular em um centro equipado com computadores "com telas de touch, focos de LED e macas que suportam até 310 kg".

A família Moll

O Badim é associado à Rede D'Or São Luiz, "o maior grupo hospitalar do Brasil", que neste ano recebeu pela primeira vez o título de "empresa do ano" de "Melhores e Maiores", prêmio oferecido pela revista Exame desde 1974.

Por trás do grupo está a família Moll. Era o ano de 1977 quando o cardiologista Jorge Moll e a mulher, Alice, fundaram a companhia. Hoje, ele preside o conselho de administração, do qual fazem parte três dos cinco filhos do casal.

O caçula, Paulo Moll, 38, é o vice-presidente da rede, hoje comandada por Heráclito Brito. O plano é tornar Paulo presidente da Rede D'Or em janeiro do ano que vem.

Negócio bilionário

A empresa está em plena expansão. Com 45 hospitais pelo Brasil, alguns deles ostentam a bandeira Star, como o Vila Nova Star, onde Bolsonaro se recupera de uma cirurgia para retirar uma hérnia da região abdominal.

A bandeira é a mais sofisticada e cara do grupo. Decorada com obras do artista plástico Yutaka Toyota, a unidade em que está o presidente conta com um enfermeiro para cada dois pacientes na unidade de tratamento intensivo.

A Rede D'Or viu sua receita crescer de US$ 126,5 milhões de dólares para US$ 1,96 bilhão de 2009 a 2018, um faturamento que no ano passado chegou a US$ 2,9 bilhões "no consolidado", de acordo com a companhia.

No mesmo período, o lucro líquido da controladora saltou de US$ 6,7 milhões para US$ 308 milhões, aumento de 20% só no ano passado.

A expansão do grupo se intensificou a partir de 2015, quando a companhia comprou hospitais regionais graças à autorização para a entrada de capital estrangeiro no setor. Na época, o fundo americano de participações Carlyle pagou R$ 1,8 bilhão por uma fatia da companhia, enquanto o Fundo Soberano de Singapura desembolsou outros R$ 2,4 bilhões por outra parte do negócio.

Hoje, o controle da empresa é dividido em 57,4% para a família Moll, 25,9% para o Fundo Soberano de Singapura, 11,9% para o Carlyle e o restante pertencente a sócios minoritários. A companhia anunciou recentemente investimentos de R$ 8 bilhões até 2023, com a construção de mais dez hospitais.

O incêndio

Pouco antes das 18h de ontem, o hospital Badim foi tomado pelas chamas. Uma fumaça preta e espessa pôde ser vista de longe por moradores da região. Até o momento dez corpos foram retirados com a ajuda dos seis carros do Corpo de Bombeiros.

A direção do Hospital Badim informa que, ao que tudo indica, um curto-circuito no gerador do prédio 1 do hospital provocou um incêndio, espalhando fumaça para todos os andares do prédio antigo.

"Toda a direção do Hospital Badim está empenhada em prestar os devidos socorros necessários aos pacientes, que estão sendo transferidos para o Hospital Israelita Albert Sabin e para os hospitais da Rede D'Or, do qual o Badim é associado", informou a empresa por meio de nota.

Incêndio atinge Hospital Badim, na zona norte do Rio

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