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Gêmeas siamesas nascem unidas pelo tórax, abdômen e coração, em Goiânia

As gêmeas nasceram unidas pelo tórax, abdômen e coração - Arquivo Pessoal/Zacharias Calil
As gêmeas nasceram unidas pelo tórax, abdômen e coração Imagem: Arquivo Pessoal/Zacharias Calil

Bruna Alves

Colaboração para o UOL

29/09/2019 12h54

Uma mulher deu à luz gêmeas siamesas no hospital de Goiânia na quinta-feira (26). As meninas nasceram unidas pelo tórax, abdômen e compartilham o coração. Elas nasceram com 34 semanas de gestação, pesando 3,4 kg juntas. Segundo boletim médico, o estado de saúde das irmãs é estável.

De acordo com o cirurgião pediátrico responsável pelo caso em Goiânia, Zacharias Calil, cerca de 30 dias antes do nascimento foi constatado no pré-natal, que além dos corpos, as gêmeas também tinham má formação cardíaca.

A mãe, que mora na Bahia, foi transferida de Salvador para o Hospital Materno Infantil (HMI), dois dias antes do parto, devido à complexidade do caso.

"Elas são unidas pelo tórax, pelo abdômen e pelo coração. Uma tem o coração tamanho normal, a outra tem o coração que é totalmente colado no da outra - músculo com músculo. Então o coração é único, praticamente", explica o médico, ressaltando, ainda, que nesse caso, a cirurgia de separação não será possível.

"Se a gente operar essas meninas uma fatalmente vai a óbito imediato. Não tem jeito. É impraticável você fabricar um coração artificial, mesmo com a tecnologia que a gente tem", ressalta.

Os corpos se uniram para que as duas continuassem vivas dentro do útero, como explica o doutor Calil.

"O ventrículo esquerdo dela (uma das gêmeas) é normal, mas o ventrículo direito (da outra gêmea) não desenvolveu. Como houve essa alteração dentro do útero, o que o organismo fez? Ele criou uma nova janela, fez uma ponte entre o ventrículo direito e o esquerdo da outra para que elas se mantivessem vivas."

Gêmeas têm quadro clínico estável

Segundo o médico, apesar da alta complexidade, as crianças nasceram bem e foram para a UTI Neonatal. Mais tarde, porém, elas tiveram que ser intubadas, mas não foi necessário o uso de medicamentos para manter o batimento cardíaco, apenas sedações. A mãe das meninas também passa bem.

Conforme o boletim médico divulgado ontem (28), as gêmeas estão na UTI Neonatal, com estado de saúde estável. Elas estão aguardando vaga em uma UTI aérea para serem transferidas para Salvador com segurança. O acompanhamento médico das irmãs será feito na capital baiana.

Segundo Calil, os primeiros 15 dias serão fundamentais para saber como ficará o estado de saúde das meninas, mas ainda não é possível saber se elas poderão ter uma vida normal no futuro.

Hospital de Goiânia é referência em gêmeos siameses

O Hospital Materno Infantil (HMI) em Goiânia é referência no país em nascimentos e em cirurgias de separação de gêmeos siameses. Desde 2000, foram registrados 41 nascimentos de gêmeos siameses na unidade hospitalar, que já realizou 18 procedimentos de separação.

Recentemente, em agosto, também nasceram as gêmeas siamesas Laís e Laura, na Bahia, mas foram transferidas para o HMI, onde seguem internadas."Elas compartilham o intestino delgado, o intestino grosso, a bexiga e a genitália. Mas nesse caso é perfeitamente possível a separação", afirma Calil.

O médico ressalta que é necessário um tratamento antes da cirurgia de separação, para que as irmãs não corram risco de vida.
"Por volta de seis meses nós podemos colocar os espaçadores, que a gente coloca debaixo da pele e ele vai sendo insuflado durante determinado período. Porque tem que ter pele, senão elas morrem", explica o médico.