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O que se sabe sobre possível envenenamento de menina que morreu no Rio

Lorrana tinha 14 anos - Arquivo pessoal
Lorrana tinha 14 anos Imagem: Arquivo pessoal

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

28/10/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Lorrana, 14, morreu na semana passada após passar mal
  • Família dizia que bala dada por estranha em trem poderia estar envenenada
  • Polícia já descartou a hipótese, mas envenenamento é a principal linha de investigação
  • Laudo preliminar encontrou chumbinho, veneno contra rato, no corpo da menina

A Polícia Civil do Rio já descartou a hipótese de que a menina Lorrana Madalena da Luz Manoel, 14, tenha sido envenenada após comer por uma bala dada por uma estranha em um trem no Rio, como acreditava a família.

As imagens do circuito interno da composição mostram que ninguém se aproxima da garota durante a viagem. Além disso, o tempo entre a possível ingestão da bala e a morte é considerado longo.

Mesmo assim, a principal linha de investigação da Polícia Civil é de envenenamento, já que fragmentos de carbamato, mais conhecido como chumbinho —substância usada para matar ratos— foram encontrados no corpo da vítima.

Os investigadores apuram se um sanduíche contaminado consumido pela garota, horas antes de morrer, tenha causado a morte.

A polícia trabalha com as hipóteses de homicídio por envenenamento, intoxicação ou ainda suicídio. Veja o que sabe até o momento sobre o caso:

Menina reclama de mal-estar

Lorrana embarcou em um trem do ramal Gramacho, em Bonsucesso na zona norte do Rio de Janeiro, até a estação de Caxias, na Baixada Fluminense, onde a mãe trabalha como vendedora.

A distância entre as duas estações é de 23 minutos de trem. O trajeto conta com oito paradas. Ao chegar ao local, a estudante se queixou de fortes dores de cabeça e enjoo e disse que o mal-estar começou após aceitar uma bala de uma desconhecida durante a viagem, segundo relatos da família.

A menina chegou a ser medicada para um mal-estar passageiro.

De acordo com a mãe, Lorrana teve um dia normal: brincou, estudou e comeu um sanduíche no fim do dia, que, segundo a polícia, foi feito em uma barraquinha de lanches da própria família.

Ida para o hospital

Já à noite, em casa, a garota foi levada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Jardim Iris, após reclamar de dificuldade para enxergar e a mãe constatar espuma da boca da filha.

lorrana - Acervo Pessoal - Acervo Pessoal
Lorrana sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e não resistiu
Imagem: Acervo Pessoal

Na unidade de saúde, a paciente passou por uma lavagem estomacal. Segundo parentes, a menina estava aparentemente bem.

A mãe chegou a voltar em casa para buscar uma roupa para acompanhar a recuperação da filha na unidade de saúde.

Na volta, ela recebeu a notícia que a menina havia morrido. Lorrana sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e não resistiu.

Suspeita de bala envenenada descartada

Logo após a morte da menina, o caso ganhou repercussão nas redes sociais. A família dizia acreditar que Lorrana tivesse sido envenenada por meio da suposta bala recebida no trem.

No entanto, imagens do circuito interno da composição, obtidas pela Polícia Civil, mostram a menina sozinha no transporte e sem consumir alimentos.

Além disso, a hipótese da bala foi enfraquecida devido ao tempo que o veneno introduzido no doce teria demorado para fazer efeito.

O delegado Vinícius Domingues, responsável pelas investigações do caso, disse que seria impossível resistir tanto tempo. A menina esteve no trem à tarde e só passou mal à noite.

"A síndrome colinérgica [quando ocorre um envenenamento] tem período para apresentar os sinais de sintomas graves que é um período de 40 minutos. Por conta desse lapso temporal, não tratamos isso [a suposta bala envenenada] como linha principal de investigação".

A vice-presidente da Associação de Peritos Oficiais do Rio, Denise Rivera, corroborou em entrevista para a rádio BandNews, a versão de que seria difícil resistir tanto tempo ao veneno.

"A investigação tem que seguir outro meio que não é esse de que alguém no trem teria envenenado a menina, pois logo após ela ingerir essa bala, ela demorou muito a passar mal. Ela chegou em casa, lanchou e só após esse lanche que ela fez, ela teve sintomas que a levaram ao posto médico e duas ou três horas depois ela veio a óbito".

"Após ela ingerir a bala, ela demorou muito a passar mal, diz perita"

bandrio

Fragmentos de chumbinho encontrados

Apesar de a tese da bala envenenada estar enfraquecida, os investigadores já sabem que fragmentos de chumbinho foram encontrados no organismo na vítima.

Por isso, de acordo com os investigadores, a principal linha de investigação ainda é a de envenenamento, devido aos sinais e sintomas analisados pelos médicos que atenderam a adolescente e a perícia inicial feita.

A polícia apura se o sanduíche consumido pela menina estava contaminado. Amostras dos alimentos foram recolhidas e estão sob análise.