Namorado prende jovem por 10 dias em rotina de tortura e agressões no DF
Uma jovem de 22 anos foi torturada, espancada e mantida em cárcere privado por dez dias em Ceilândia, no DF (Distrito Federal). A vítima foi encontrada pela PM (Polícia Militar) na última sexta-feira (10) com diversos hematomas por todo o corpo. O namorado da vítima, José Messias Alves, 37, foi preso em flagrante.
De acordo com a polícia, a jovem é natural do Maranhão e veio para o DF para trabalhar. Ela conheceu Alves no estúdio de tatuagem dele e namoravam por dois meses.
A vítima, que teve sua identidade preservada, contou aos policiais que em novembro do ano passado, Alves teria pedido para ir morar com ela, após passar dez dias em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos. Para ajudá-lo, ela teria aceitado a proposta.
Na véspera de Natal, segundo testemunhas, o tatuador suspeitou que a namorada estivesse recebendo mensagens e por ciúmes, começou a agredi-la.
Desde então, segundo a balconista, o tatuador a agredia com barras de ferro, faca, cadeiras e a mantinha amarrada. No trabalho, as colegas da vítima suspeitaram dos hematomas e a questionaram, mas por medo, a jovem inventava desculpas.
Em posse do agressor desde o Ano-Novo
Desde o dia 31 de dezembro, o homem a proibiu de voltar ao trabalho e as agressões se intensificaram. A única pessoa que a jovem podia falar por telefone era com a mãe, que mora em outro estado.
Por meio de uma denúncia anônima, a Polícia Militar descobriu o caso e foi à residência da vítima várias vezes nos últimos dias, mas quando chegava ao local, ela era mantida amarrada e o agressor se escondia. Por medo de ser preso, ele chegou a levar a jovem para a casa de sua irmã, onde permaneceu por dois dias. Depois, eles voltaram para a casa dela.
"Eu fiquei sabendo desde o dia 30. Ele (suspeito) me mandou uma mensagem e eu retornei perguntando se estava tudo bem com ele, e ele respondeu que com ele sim, mas com ela, não. Daí ele me mandou uma foto com ela já muito machucada. E tudo isso na base da droga", explica a testemunha ouvida pelo UOL, que pediu para não ser identificada.
Suspeito divulgava vídeos com agressões
"Ele tinha planejado matá-la. E daí foi quando ele mandou o último vídeo na quinta-feira dela toda arrebentada, porque ele estava com muito ódio e já sabia que ia ser preso. O plano dele era matar ela na sexta-feira, que foi quando ele foi preso", afirma a testemunha.
Na última sexta-feira a PM foi novamente à casa da vítima e a encontrou com o suspeito.
Alves teria pedido para a vítima mentir sobre as agressões e dizer que teve uma briga com outra mulher. No entanto, a jovem foi encorajada e acabou confessando tudo. "Se não fosse assim, ela estaria morta agora. Estava cuspindo sangue", diz a testemunha.
A vítima foi encaminhada ao hospital, onde foram constatadas diferentes fraturas e lesões por todo o corpo. Em seguida, ela ainda passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal.
O agressor deve responder por tortura, cárcere privado e ameaça. Em audiência de custódia realizada hoje, a prisão em flagrante foi convertida em preventiva e Alves será encaminhado para uma das unidades prisionais do Complexo Penitenciário da Papuda.
Alves cumpria prisão em regime aberto
De acordo com a Polícia Civil, José Messias Alves já havia sido preso por homicídio qualificado, roubo e extorsão mediante sequestro.
Ele cumpriu pena de 15 anos em regime fechado. No entanto, há dois anos conseguiu sair da cadeia e ser beneficiado com o regime aberto, e ainda deveria cumprir mais 9 anos de pena.
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