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Diretor de saneamento da Cedae é afastado após crise da água no Rio

A água distribuída na região metropolitana do Rio tem apresentado cor, cheiro e gosto alterados - Saulo Angelo/Estadão Conteúdo
A água distribuída na região metropolitana do Rio tem apresentado cor, cheiro e gosto alterados Imagem: Saulo Angelo/Estadão Conteúdo

Do UOL

17/01/2020 13h09

Resumo da notícia

  • Trata-se do segundo desligamento na Cedae após a crise da água no Rio
  • Wilson Witzel participou de reunião que definiu a demissão do diretor de saneamento
  • Especialistas dizem que o problema está relacionado à falta de saneamento na Baixada Fluminense

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, anunciou hoje que pediu o afastamento do diretor de saneamento da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro), Marcos Chimelli. Trata-se da segunda baixa na empresa, que está no centro dos problemas de abastecimento na região metropolitana.

Segundo reportou a coluna de Ancelmo Gois no jornal O Globo, o governo fluminense chegou à decisão depois de uma reunião de Witzel com o presidente da Cedae, Hélio Cabral, o presidente do conselho da companhia, Edmundo Rodrigues, e o secretário da Casa Civil, André Moura.

Na última quarta (15), a Cedae anunciou a exoneração de Júlio César Antunes do cargo de chefe de tratamento de água do Rio Guandu. Antunes, que é funcionário público, passou a integrar a equipe da qual era diretor. O presidente da companhia negou que a mudança se devesse à crise de abastecimento.

Desde o último dia 6, moradores da região metropolitana têm questionado a qualidade da água oferecida pela Cedae. As reclamações se concentraram em bairros da capital e cidades da Baixada Fluminense. Em alguns locais, a água apresentou mudança somente no gosto. Em outros, foi observado aspecto turvo, gosto e cheiro ruins.

De acordo com a Cedae, o problema se deve à presença já confirmada de geosmina em amostras coletadas. Esta é uma substância orgânica produzida por um tipo de alga, responsável por mudar as características do recurso.

Especialistas relacionam a presença da geosmina à falta de tratamento de esgoto lançado em rios que compõem a bacia do Guandu. Nesta semana, docentes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) afirmaram que há riscos à saúde da população no produto fornecido pela empresa.

Hélio Cabral disse na última quarta-feira não ter como estimar quando a água voltará a apresentar as características habituais. A extensão do problema e o número de domicílios afetados também não foram informados.

"Os equipamentos específicos para este tratamento já foram comprados e serão instalados com urgência. Até a semana que vem, as águas do Guandu já estarão livres da geosmina, mas não tenho como precisar quando a água das torneiras já estará livre deste problema. Depende do tamanho do reservatório de cada um", disse o presidente da Cedae em entrevista nesta semana.

Ele explicou que o tratamento será feito com filtros de carvão de alta capacidade vindos de São Paulo.

A crise que tem provocado uma corrida em busca de garrafas de água mineral em supermercados.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou ontem diligências na Estação de Tratamento de Água do Rio Guandu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Administrada pela Cedae, a estação abastece mais de 9 milhões pessoas na região metropolitana e está no centro da crise da água.