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AC: 56 presos ficam feridos durante motim; reclamação é por falta de água

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Imagem: Divulgação

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

23/04/2020 17h36

Cinquenta e seis presos ficaram feridos durante contenção de motim ocorrido na unidade de regime fechado número 1, dentro do Complexo Penitenciário de Rio Branco, em Rio Branco, na noite de ontem. Segundo o Iapen (Instituto de Administração Penitenciária), os apenados se amotinaram em seis pavilhões em reclamação a falta de água na unidade prisional. Até a tarde de hoje, sete presos continuavam internados no pronto-socorro de Rio Branco devido aos ferimentos.

O tumulto iniciou por volta das 18h30, quando os presos dos pavilhões G, H, I, J, K e L começaram a bater nas celas, de forma generalizada, e os policiais penais explicaram que o desabastecimento foi provocado pela falta de um produto que faz parte do tratamento de água no sistema de saneamento do Depasa (Departamento Estadual de Água e Saneamento).

Os amotinados atearam fogo em colchões, baldes e roupas, quebraram cadeados de celas, na tentativa de sair dos pavilhões. Os presos das celas nove e 15 quebraram os ferrolhos 5. As celas danificadas foram interditadas para reparos e os presos foram redistribuídos para outras celas.

"Os presos que conseguiram sair para os corredores internos dos pavilhões arremessaram pedras, fruto de depredação das celas. Desta forma, foi necessário o emprego do Gpoe (Grupo Penitenciário de Operações Especiais), o qual adentrou a unidade por volta das 20h30 com o objetivo de controlar o princípio de motim instaurado no presídio", informou o Iapen.

Durante a contenção dos rebelados dos seis pavilhões, o Gpe usou armas não letais, mas acabaram ferindo 56 presos. Um procedimento administrativo foi instaurado para investigar se houve excesso e punir os responsáveis, caso haja comprovação.

Oito ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foram acionadas para as equipes médicas atenderem os presos dentro do próprio complexo. Após avaliação médica, 29 presos não necessitaram atendimento médico externo e estão no isolamento preventivo. Os outros 27 feridos foram socorridos para o pronto-socorro de Rio Branco e para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Baixada.

Após atendimento médico externo, 18 presos que ficaram feridos no motim receberam alta na madrugada e dois na manhã de hoje. Sete presos continuam internados no pronto-socorro aguardando reavaliação médica e não correm risco de morte.

O Iapen afirmou que estão sendo adotadas medidas para "resguardar a segurança dentro do Complexo Penitenciário de Rio Branco" e que o Gpoe está de prontidão para o controle de possíveis motins.

Falta de água

Vários bairros da capital, dentre eles, a área que está o complexo penitenciário, ficaram sem água desde o último domingo (23), depois que uma carreta, que faria a entrega de um dos produtos utilizados para o tratamento da água, se envolver em um acidente. A falta do produto resultou em uma parada não programada na Estação de Tratamento de Água.

Ontem, o produto foi entregue e tratamento de água para Rio Branco foi retomado. O Depasa informou que a distribuição de água está sendo normalizada de forma gradual.

O Iapen informou que nos últimos dias os reservatórios de água do complexo penitenciário vêm sendo abastecidos por meio de caminhão-pipa de um fornecedor e também do Depasa. O instituto explicou ainda que ontem os caminhões estavam indo levar água quando os presos se amotinaram. "Os detentos não se contentaram com a resposta dos policiais, ainda que o abastecimento não estivesse completamente interrompido e continuaram a manifestação", justificou.

O Iapen informou que na terça-feira (21), 225 mil litros de água foram fornecidos ao complexo penitenciário pela empresa contratada para atender os presos. Ontem, 104 mil litros foram disponibilizados, sendo 90 mil pelo fornecedor e 14 mil pelo Depasa.

Apesar o sistema de abastecimento de água ter sido restabelecido, "para reforçar, o Iapen providenciou o fornecimento de mais 120 mil litros de água na manhã de hoje, por meio do contrato com empresa especializada", disse o órgão.