Médicas compram bolo e cantam parabéns para paciente com coronavírus no Rio
Além de monitorarem pacientes em CTI (Centro de Terapia Intensiva), médicas de um hospital particular, na zona norte do Rio, têm dedicado seu tempo a tornar o período de internação dos pacientes menos doloroso emocionalmente. Na última sexta-feira (1), as plantonistas Rebecca Edson e Carolina Simões providenciaram um bolo e cantaram parabéns para o idoso Guaracy Chaves, 81, que foi internado com diagnóstico de covid-19, causada pelo novo tipo de coronavírus. A esposa dele também foi hospitalizada em decorrência da doença em outra unidade de saúde. O casal mora sozinho no Rio e a filha, no Distrito Federal.
Além do parabéns, com direito a vela, seu Guaracy foi presenteado com uma chamada de vídeo com familiares e com uma foto da esposa.
"É uma situação muito complicada a que estamos vivendo. Eles [idosos] se sentem abandonados e isso aumenta a possibilidade de delírios. Eles não têm nem uma horinha de visita. Não pode. Entra ali e a família não vê mais. Então, todo plantão tenho feito alguma coisa: chamada de vídeo, mostro foto e cartas. Dessa vez, levamos um bolo e cantamos parabéns", conta a médica de 27 anos.
Rebecca conta que já vinha fazendo chamadas de vídeo entre pacientes e familiares e que a ideia do bolo partiu da amiga e companheira de plantão, Carolina Simões. As duas pediram para o setor de nutrição do hospital para providenciar um bolo e que mesmo assim, ainda compraram um outro para garantir a "festa".
A celebração também foi para comemorar os 87 anos de dona Dulcine, outra paciente internada que também fazia aniversário. Os dois estavam em leitos seguidos, o que facilitou a comemoração, segundo a médica.
"Ela pôde ver netos, filhos, todo mundo apareceu na chamada e ela ficou muito feliz. Até dois gatinhos apareceram no vídeo", contou Rebecca animada.
As reações dos pacientes foram de alegria, entusiasmo e choro.
Já fiz até com paciente entubado que estava com bom estado clínico. Mesmo sem conseguir falar, ele conseguia ouvir e ver os parentes. Esse paciente, o seu Fernando, já até saiu do CTI depois de 3 semanas. A família até hoje fala comigo. Tenho recebido muito amor e isso é acolhedor. Eles não fazem ideia, mas aquecem nosso coração, pois a rotina tem sido muito pesada.
Rebecca Edson
As médicas trabalham em uma ala do hospital com 10 pacientes internados com covid-19 ou com suspeita da doença, no hospital Casa Evangélico, no bairro da Tijuca, na zona norte da cidade. Rebecca conta que entende na pele o que é ficar isolada.
"Eu já tive covid. Precisei ficar 15 dias isolada e realmente percebi que é muito complicado e olha que nem sou uma pessoa que sente a necessidade de ficar próxima de muitas pessoas, contou a médica.
Casos no RJ
De acordo com o último boletim sobre o avanço da doença, divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde, o Rio de Janeiro registra 10.546 casos confirmados de covid-19 e 971 óbitos. Há ainda 331 mortes em investigação e outros 147 casos foram descartados. A cidade com maior número de casos é a capital (6.448) e com 603 mortes. A cidade de Duque de Caxias, na Baixada, é a segunda com maior número de casos e mortes, 458 e 83 respectivamente.
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