MP analisa decisão de Crivella de instalar tomógrafo da Rocinha em templo
O Ministério Público do Rio de Janeiro vai analisar a decisão da Prefeitura do Rio de instalar um tomógrafo no estacionamento da Igreja Universal do Reino de Deus, localizada em São Conrado, na zona sul da capital fluminense. De acordo com moradores da Rocinha, a promessa era que o equipamento fosse instalado na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da comunidade - que tem visto o número de casos do novo coronavírus disparar.
A Rocinha chegou a realizar um panelaço na última sexta-feira (1) contra a decisão do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos).
O MPRJ informou que está analisando o caso e que a prefeitura poderá ser responsabilizada caso alguma irregularidade seja encontrada. O caso está na 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital.
O presidente da Associação de Moradores da Rocinha, Wallace Pereira, disse que a comunidade assinou um abaixo-assinado contra a medida. No entanto, segundo ele, o prefeito alegou que a instalação do tomógrafo na UPA demoraria três meses devido a obras de adequação da estrutura.
"No início eu fiquei bem chateado, mas eles [prefeitura] disseram que a instalação na UPA ia demorar pelo menos três meses. Eles explicaram que a Rocinha tem um problema de energia que ocasiona quedas de luz constante e que isso seria um problema. Outra coisa seria a concretagem que seria necessária para instalar o equipamento. Eu acabei aceitando desde que o equipamento depois da pandemia vá para a UPA da Rocinha", disse Wallace ao UOL na manhã de hoje.
O morador Michael Silva, 53, questionou a decisão de Crivella.
"Ele colocou um equipamento de saúde na igreja. Será que só vão atender fiéis? Será que vou precisar fazer um cadastro diferenciado? Lugar de equipamento de saúde é em unidade de saúde e não na igreja. Imagina só: você começa a ser atendido na UPA e termina na igreja e depois sobe para a UPA de novo? Não tem lógica isso."
Vereadores pedem explicações
Os vereadores Tarcísio Motta e Paulo Pinheiro (Psol) entraram com representação no MP contra a prefeitura devido à decisão de instalar o tomógrafo na sede da igreja Universal. O prefeito do Rio é bispo licenciado da igreja. Os parlamentares pediram uma investigação sobre indícios de improbidade administrativa.
Na ocasião, a Prefeitura informou em nota que a instalação é provisória. "Depois, os tomógrafos serão direcionados a unidades de saúde do município, em caráter permanente". O critério de escolha, segundo o governo municipal, levou em consideração a infraestrutura para instalação rápida dos equipamentos e a proximidade do metrô.
Sobre a demora para instalação do equipamento da UPA da Rocinha, a prefeitura ainda não se manifestou.
Em entrevista ontem, o prefeito Marcelo Crivella citou os tomógrafos adquiridos pelo município e disse que eles estão sendo instalados em várias unidades de saúde.
"Esses tomógrafos são o que há de mais avançado e que identificam a covid-19 logo em seu início, possibilitando o tratamento e a recuperação mais rapidamente. Na Rocinha, por exemplo, instalamos em um terreno de uma igreja justamente para agilizar a instalação e o início do funcionamento. Depois, eles vão todos para as nossas unidades de saúde. Mas aquele local está com adaptação mais fácil e próximo ao metrô. Se fôssemos instalar no alto da Rocinha, demoraria muito e menos pessoas iriam aproveitar", disse o prefeito.
A favela da Rocinha concentra o maior número de casos de covid-19 entre as comunidades do Rio. Até está quarta-feira, eram 79 casos confirmados na comunidade, segundo o painel Rio Covid-19 que acompanha a evolução da doença na cidade. No entanto, moradores especulam que o número de casos seja bem maior na região.
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