RJ: 1º dia de lockdown parcial tem barreira, sumiço de camelôs e reclamação
O Rio de Janeiro teve hoje seu primeiro dia de "bloqueio parcial" em algumas das principais vias da zona oeste, região que viu os casos do novo coronavírus aumentarem dez vezes em um mês. No Calçadão de Campo Grande, principal área de comércio do bairro, a determinação do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) contou com adesão da população.
A Guarda Municipal criou barreiras em todos os acessos como pontos de controle de quem entra e sai: apenas quem ia trabalhar ou buscar serviços essenciais passava pela triagem criada pelo GOE (Grupamento de Operações Especiais).
A reportagem do UOL esteve no mesmo local há um mês e o panorama no bairro —que registra o maior número de óbitos na cidade (40) —era bem diferente, com aglomerações, grande movimentação de pedestres e lojas abertas.
Agora, apenas farmácias, bancos e duas lojas de departamento estão funcionando no calçadão. Quem não ia comprar remédios ou ser atendido em uma das agências bancária não podia entrar na área.
Ambulantes, que costumam lotar as vias, "sumiram" e os poucos que se arriscavam tinham as mercadorias recolhidas pela Guarda Municipal.
Um fluxo grande de pedestres tentava atravessar para a estação Campo Grande dos trens da Supervia vindo da rua Cesário de Melo, uma das vias mais movimentadas e importantes do bairro. O caminho mais curto, pelo calçadão, entretanto, estava fechado, fazendo muita gente andar mais em meio a um temporal.
"Poucas pessoas estavam desavisadas. Como estava chovendo, algumas reclamavam por ter que dar a volta e tentavam passar. Posso dizer que 99% das pessoas estavam cientes e compreenderam. Nos atrapalha mais as lojas de departamento estarem abertas, pois muita gente tenta entrar para ir até lá. Só estamos liberando para bancos, farmácias e lotéricas, o que é de fato essencial. Se fosse só isso, estaria mais fácil", disse o guarda Celso, líder de operações do GOE.
O primeiro reflexo do "lockdown parcial" já podia ser percebido no caminho para o local. O trânsito de carros em Campo Grande ficou prejudicado, apesar do baixo tráfego. O mau tempo, com chuvas que assolaram toda a cidade desde a madrugada, também contribuiu para uma movimentação muito aquém da costumeira na região.
No bairro, poucos lojistas que não prestam serviços essenciais tentavam um "jeitinho" para burlar o bloqueio. Comércios como lojas de informática e roupas vendiam comida, álcool em gel, máscaras de proteção e papel higiênico. Ao observar esses estabelecimentos, a Guarda Municipal solicitou o fechamento deles, o que gerou reclamações de comerciantes e clientes.
"Infelizmente o prefeito tomou essa decisão extrema porque a população está morrendo. Sinto profundamente pela perda das pessoas, mas vendemos o que é possível nesse momento. Estávamos ajudando uma parte do público e nos mantendo vivos", opinou Agenor, 64, dono de uma das lojas que acabaram fechadas.
Alguns focos de reclamação eram vistos nas entradas das barreiras. Em uma delas, em frente à estação de trem, um homem apressado discutiu com guardas pela abordagem considerada por ele acima do tom.
Na esquina das ruas Viúva Dantas e José Ferreira, um comerciante tentou argumentar com guardas municipais, mas também foi impedido de entrar e protestou contra a adoção do isolamento por prefeitos e governadores. Indagado sobre as mortes crescentes, o homem, que não quis se identificar, desconversou: "É uma pena mas já sabíamos que morreriam. Vai morrer mais gente de fome".
Autoridades de saúde vêm recomendando um "lockdown radical" no Rio tendo em vista o colapso da rede pública de saúde. Tanto Crivella quando o governador Wilson Witzel (PSC) estão analisando a medida radical.
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