Contêineres refrigerados chegam a hospital do Rio que teve fila de corpos
Resumo da notícia
- Contêineres foram instalados no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca
- Prefeitura do Rio informou que há contêineres em seis hospitais da capital
- Uma funerária do Rio alugou o equipamento para evitar acúmulo de corpos
Com o necrotério lotado no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na zona oeste do Rio de Janeiro, dois contêineres refrigerados já estão sendo usados para armazenar corpos de pessoas mortas em meio ao colapso do sistema de saúde em decorrência da epidemia do novo coronavírus.
Reportagem do UOL mostrou na semana passada imagens de cadáveres sobre macas em um corredor da unidade em mais um capítulo da crise no hospital, que está com 50% da equipe médica afastada por problemas de saúde, segundo ação civil pública feita pelo MPT-RJ (Ministério Público do Trabalho do Rio).
A informação foi confirmada pela Prefeitura do Rio. Com 12 vagas, os contêineres alugados irão atender o hospital, a maternidade Leila Diniz e a CER (Coordenação de Emergência Regional) Barra, que fica ao lado do Lourenço Jorge.
Ainda de acordo com a prefeitura, outros cinco hospitais municipais também alugaram contêineres durante a epidemia —Souza Aguiar (centro), Salgado Filho (Méier), Miguel Couto (Leblon), Evandro Freire (Ilha do Governador) e Ronaldo Gazolla (Acari), unidade de referência para o tratamento de covid-19.
O contêiner do Hospital Albert Schweitzer deverá chegar à unidade na sexta-feira (8). O custo do aluguel do equipamento varia de R$ 5.000 a R$ 11 mil mensais, de acordo com a capacidade, segundo informa a Prefeitura do Rio.
"Os contêineres frigoríficos visam também aumentar, preventivamente, a capacidade dos necrotérios e dar suporte às demais unidades de saúde de suas regiões", informou a SMS (Secretaria Municipal de Saúde), por nota.
Funerárias alugam contêineres
Leonardo Martins, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Funerários do Rio de Janeiro, entidade que representa mais de 50 funerárias na capital, diz que a remoção de corpos está sendo agilizada nos hospitais. O procedimento segue uma série de orientações, como uso de invólucro duplo e higienização da alça da urna com álcool, para minimizar os riscos de contágio.
"Estamos orientando os familiares para agendar a remoção diretamente para o cemitério. Em alguns casos, precisamos levar o corpo para a funerária", conta.
Algumas funerárias inclusive estão alugando contêineres refrigerados por conta própria, para agilizar a retirada, evitando o acúmulo de corpos nos hospitais.
É o caso da Maracanã Assistência Funeral, em Bonsucesso, na zona norte do Rio, que terá o equipamento a partir de sexta-feira (8). "A solicitação nos hospitais é para acelerar o processo de remoção, porque está tendo um volume grande de mortos. Com o contêiner, podemos fazer isso rapidamente", conta Leonardo Rezende Esteves, proprietário da funerária.
Contêineres em unidades da rede estadual
O Instituto Estadual do Cérebro e o Hospital Regional do Médio Paraíba, unidades de referência da SES (Secretaria de Estado de Saúde) no enfrentamento à covid-19, também já contam com o contêiner refrigerado, para ampliar a capacidade de armazenamento de corpos.
"Nas demais unidades, caso haja necessidade, o mesmo recurso será implementado. O uso de contêiner frigorífico tem a finalidade de armazenar os corpos em locais mais adequados. A iniciativa serve também para reduzir o impacto no atendimento, preservando os pacientes internados", informou a secretaria, em nota.
A pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, revelou à reportagem que a locação de contêineres refrigerados para armazenar corpos com o aumento de mortes em decorrência da covid-19 está em discussão há ao menos duas semanas.
Ela integra o grupo de contingência criado pelo governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), para lidar com a pandemia. "Precisamos de locais para colocar os corpos, porque o aumento da mortalidade estimado é muito grande", disse ao UOL.
Justiça determina reforço médico no Lourenço Jorge
A Justiça do Rio determinou que a prefeitura da capital complete o quadro de funcionários nos plantões do Lourenço Jorge. O caso veio à tona após denúncia feita por uma enfermeira, que registrou boletim de ocorrência após a morte de um paciente no "covidário", ala destinada a pacientes com sintomas de covid-19, em um plantão sem médico, na madrugada de 27 de abril.
A decisão liminar ainda obriga a unidade a fornecer EPIs (equipamentos de proteção individual) e testagem de verificação rápida de covid-19 para todos os funcionários do Hospital Lourenço Jorge, a maior emergência da zona oeste da capital.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura do Rio informou na terça-feira (5) que irá contratar 28 médicos clínicos em caráter emergencial para suprir a escassez de profissionais nos plantões do Hospital Lourenço Jorge, a maior emergência da zona oeste da capital.
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