Coronavírus mata mais dois PMs em SP; cabo era contra isolamento social
Um cabo e um soldado da PM (Polícia Militar) de São Paulo morreram por causa do novo coronavírus na última quarta-feira (13). Com os novos óbitos, a corporação contabiliza ter perdido seis policiais em razão da covid-19.
Policiais militares, porém, dizem à reportagem que, se contar os PMs aposentados, a contagem chegaria a 20 mortos.
Cabo era contra isolamento
O cabo Ricardo Valentim da Silva, 47, morreu anteontem no Hospital Santo Expedito, em Santos, litoral paulista. Ele foi internado às pressas após passar mal, mas não resistiu.
Nas redes sociais, o cabo se posicionava contra o isolamento social. Em uma das postagens, ele compartilhou uma foto de um apresentador de um programa jornalístico com a frase: "Espere o dinheiro cair do céu".
O cabo, que trabalhava no 21° Batalhão, em Guarujá, deixa a esposa e um filho.
Soldado sentiu sintomas em abril
Também na quarta, o soldado Gleivan da Silva Lima, 36, morreu no HPM (Hospital da Polícia Militar), na zona norte da capital. Lima, que não tinha filhos, deixa a mulher.
Lima teve os primeiros sintomas em 21 de abril e, após ir ao hospital, ficou afastado. Durante o isolamento, seu estado de saúde piorou.
Em 26 de abril, ele voltou ao hospital e foi diagnosticado com a covid-19. O soldado morreu depois que seu quadro evoluiu para falência múltipla dos órgãos.
Ele estava havia oito anos na corporação. Atualmente, o soldado integrava a 1ª Companhia do 1º Batalhão, na zona sul de São Paulo.
Especialista critica medidas
Rafael Alcadipani, professor de Gestão Pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, diz que possivelmente "terá um aumento expressivo no número de policiais infectados e, infelizmente, vitimados". "Porque não me parece que estão sendo tomadas as medidas necessárias para conter essa pandemia."
Por meio de nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou ter adotado todas as medidas necessárias para garantir a proteção dos policiais civis, militares e técnico-científicos sobre a covid-19. A secretaria cita, entre outros exemplos, a distribuição de equipamentos de proteção individual.
Paralelamente, as polícias têm realizado ações para higienização de viaturas e sedes policiais, segundo a SSP. "O número de agentes, das três polícias, afastados com suspeita de contaminação da doença corresponde a 0,7% do efetivo."
Para Alcadipani, "é importante que haja uma verificação cotidiana para se saber quem está e quem não está infectado".
Ainda segundo o especialista, "existe uma ideologização muito grande da tropa que vê o posicionamento do Bolsonaro como correto, contra o isolamento social, e se essa ideologia prevalecer, vai aumentar ainda mais o número de policiais mortos por covid-19".
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