Coronavírus: São Paulo orienta PM a fazer fotos e registro de aglomerações
Resumo da notícia
- PMs estão orientados a fazer, em uma planilha diária, registros de aglomerações, dizem policiais
- Segundo a PM, trata-se de um mapeamento com o objetivo de orientar população no combate à covid-19
- Secretaria de Segurança informa que a finalidade é "orientar os esforços da Instituição na prevenção à pandemia do coronavírus"
- Especialista diz que polícias de outros países do mundo estão fazendo o mesmo
Policiais militares de São Paulo estão tabulando, em uma planilha diária, registros de aglomerações, com horário, tipo de local, quantas pessoas estão juntas e o motivo da concentração. Além de escrever as informações em uma tabela, os PMs receberam ordens para fotografar essas aglomerações.
A reportagem do UOL questionou a PM e a SSP (Secretaria da Segurança Pública) sobre o motivo e a finalidade da produção desse relatório por parte dos policiais. O tenente-coronel Emerson Massera, porta-voz da PM, se limitou a dizer que a ação é para fazer um mapeamento. "O foco da PM é orientação", disse.
Por meio de nota, a SSP afirmou que "o relatório com a análise dos locais com aglomerações na cidade é realizado para controle policial com a finalidade de orientar os esforços da Instituição na prevenção à pandemia do coronavírus".
No início da manhã de anteontem e de ontem, PMs de alguns batalhões da cidade receberam a seguinte orientação: "esses dados deverão ser preenchidos caso alguma equipe se depare com aglomerações. Deverão fazer Boletim de Ocorrência e anexar fotos. Reenviar a planilha às 16h com todos os dados".
Questionado em coletiva de imprensa, na última segunda-feira (13), se ainda avalia a utilização da PM para deter quem desrespeitar o isolamento social, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou que o governo não vai restringir o direito das pessoas de ir e vir, mas também não vai estimular o desrespeito ao isolamento.
Doria disse ainda que o índice de isolamento social subiu de 47% para 59% no último domingo (12). Ele classificou a "conquista" para "aqueles que querem viver e permitir que outras pessoas tenham direito à vida". O governador voltou a defender que, com isolamento, o risco de expansão da infecção será menor.
Estabelecimentos interditados
Balanço divulgado pela prefeitura de São Paulo apontou que 80 estabelecimentos não essenciais foram interditados na capital paulista, por não acatarem a decisão de fechamento do governo estadual. A maioria deles (37) está na Sé, centro da cidade.
Após Bruno Covas ficar irritado ao ver imagens de aglomeração na Praça do Pôr do Sol, zona oeste, a prefeitura colocou tapumes para cercar o local, com o intuito de coibir a presença de pessoas. Bruno Covas afirmou, em coletiva de imprensa anteontem, que o custo da ação foi de R$ 800 mil e citou que o fechamento da praça foi mais pedagógico do que prático.
Para que a taxa de isolamento aumente, Doria anunciou um programa de "orientação" para quem insiste em abrir estabelecimentos que não estão autorizados pelo governo. "Vamos orientar agrupamentos de pessoas em praças, avenidas e outros locais para que dispersem e não façam aglomerações". Ele, no entanto, não detalhou o programa.
Polícias do mundo estão fazendo o mesmo
Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, comenta que Doria destacou que poderia acionar a polícia para garantir que não haveria aglomerações. "Me parece que a polícia está analisando os dados para verificar se são as mesmas pessoas e grupos que têm se reunido reiteradamente, mesmo contra as recomendações", opina.
"Se o foco é orientação, eu suponho que eles estejam analisando os dados para direcionar o efetivo policial para os locais onde há mais aglomerações, no sentido de tentar dissuadir as pessoas", analisa.
Ainda segundo Bueno, há "polícias de outros países fazendo o mesmo, no sentido de reforçar as normas de isolamento. Vai caber à PM garantir que o isolamento seja cumprido, orientando e dissuadindo a população de ir às ruas de forma desnecessária".
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