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Por conscientização, carro de som divulga promoção falsa de funerária em SP

Emanuel Colombari

Do UOL, em São Paulo

24/05/2020 16h49

Moradores da cidade paulista de Assis, a 430 km de São Paulo, se depararam com uma propaganda inusitada anteontem. Um carro de som anunciava uma "superpromoção" da Funerária Vá Com Deus, dedicada a quem não respeita o isolamento social em tempos do novo coronavírus —com direito a três caixões pelo preço de um, com um quarto no pagamento à vista.

O estabelecimento não existe. Na verdade, a propaganda era uma brincadeira de Antonio Alves de Moura, proprietário de uma empresa de propaganda sonora, que resolveu dar um susto em amigos e conhecidos.

"Eu tenho um grupo de WhatsApp com gente do Brasil inteiro. O pessoal postou esse áudio lá. Eu pedi, eles mandaram o áudio em MP3", explicou o comerciante por telefone ao UOL. Segundo ele, a mensagem foi enviada na noite de quinta-feira (21).

Antonio, porém, garante que a mensagem foi veiculada em poucos endereços, e somente em horários nos quais não tinha propagandas previstas. "A intenção era alertar os colegas e colocar um pouco de humor, conscientizar", diz.

Na cidade, o isolamento social tem sido um desafio no combate à covid-19. Na sexta-feira (22), dia em que o carro de som divulgou a gravação, a Prefeitura local informou que o índice de isolamento desde quarta-feira era de 43%, contra os 70% buscados pelo governo de São Paulo e recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Até então, Assis tinha 43 casos confirmados da covid-19, com cinco óbitos.

Carro de som de Antonio - Acervo pessoal - Acervo pessoal
Segundo Antonio, pandemia tirou 40% dos anunciantes da empresa; por outro lado, igrejas e cidades vizinhas têm usado carros de som para ações
Imagem: Acervo pessoal

Para Antonio, é preciso conscientizar a população da importância com os cuidados a respeito do vírus. "Às vezes, a pessoa precisa sair. O que mais conscientiza é, se a pessoa precisa sair, é que use máscara. A nossa cidade estava com índice muito baixo de isolamento. O pessoal não estava respeitando. Então, o pessoal continua saindo, mas com uma maneira mais consciente", acredita.

Ao mesmo tempo, ele diz que sua empresa sentiu o impacto econômico da pandemia. "Eu faço propaganda para supermercado, então isso continuou. Mas eu perdi 40% dos meus clientes. Tenho contrato com empresa de internet, com a Crefisa aqui. Deu uma pausa, de uma certa forma", diz. "Por outro lado, com o coronavírus, tive propagandas da Prefeitura de Assis, Cândido Mota (cidade vizinha), que a gente não faria, e também bastante de igreja."