Ação violenta de PMs em Parelheiros é 'ultrajante', diz ouvidor da Polícia
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, condenou hoje a violência usada por policiais militares durante uma abordagem em Parelheiros, na zona sul de São Paulo. Para ele, a ação foi "ultrajante", "estarrecedora" e não tem justificativa.
"As imagens são ultrajantes. Não tem qualquer explicação para que um ser humano trate outro dessa forma. E em se tratando de um policial, que tem o dever de proteger as pessoas, salvar vidas, as imagens são ainda mais estarrecedoras, sob qualquer aspecto. Não tem como não se indignar", disse Lopes, em entrevista à GloboNews.
O registro das agressões foi feito em 30 de maio e exibido ontem no "Fantástico", da Rede Globo. No vídeo, é possível ver um PM pisando no pescoço de uma mulher negra que estava imobilizada no chão. A vítima de 51 anos, cuja identidade foi preservada, ainda declarou ter recebido uma rasteira durante a abordagem e quebrado a perna com o golpe.
Questionado sobre as providências a serem tomadas, Lopes afirmou ter avocado (tomado para si) a "investigação detalhada e pormenorizada das circunstâncias desse desatino" e estar construindo uma câmara temática para discutir, junto aos setores de segurança pública e à sociedade civil, novos protocolos para a polícia.
"O que nós estamos vendo são policiais que têm tomado posições que não conferem com a missão da polícia. Isso depõe contra a instituição", lamentou. "Nós precisamos debater um pouco mais que tipo de polícia nós queremos. Uma polícia que tenha, na minha opinião, uma relação mais próxima da comunidade, mais próxima do cidadão."
Só em 2020, segundo o ouvidor, foram 2.692 solicitações de procedimento junto à Corregedoria Geral da PM para investigar casos de abuso. Ao todo, 125 policiais foram presos e outros 96 foram expulsos.
Doria se diz 'estupefato'
Mais cedo, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que os dois policiais filmados agredindo moradores em Parelheiros responderão a inquéritos na Justiça. Em entrevista coletiva, Doria se disse "impactado" e "estupefato" e fez diversas críticas à abordagem policial.
"Quero deixar claro que o estado de São Paulo não tolera e não tolerará nenhum comportamento que seja de violência praticada pela Polícia Militar, pela Polícia Civil, pelo Corpo de Bombeiros ou qualquer outra polícia que esteja sob o comando do governo", reforçou o governador.
Ontem, nas redes sociais, Doria já havia repudiado o ocorrido. "Inaceitável a conduta de violência desnecessária de alguns policiais. Não honram a qualidade da PM de SP", escreveu.
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