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'Impactado', Doria critica abordagem policial filmada em SP: 'Condenável'

Do UOL, em São Paulo*

13/07/2020 13h10Atualizada em 13/07/2020 14h27

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que dois policiais filmados agredindo moradores da região de Parelheiros, zona sul de São Paulo, responderão a inquéritos na Justiça. Em entrevista coletiva, Doria se disse "impactado" e "estupefato" e fez diversas críticas à abordagem policial.

As imagens das agressões foram feitas em 30 de maio e exibidas ontem no "Fantástico", programa da Rede Globo. Nelas, é possível ver um PM pisando sobre o pescoço de uma mulher, que estava imobilizada no chão. Ela foi arrastada pelo asfalto até a viatura. A vítima ainda declarou que recebeu uma rasteira durante a abordagem e quebrou a perna com o golpe. A identidade da mulher foi preservada.

"Quero deixar claro que o Estado de São Paulo não tolera e não tolerará nenhum comportamento que seja de violência praticada pela Polícia Militar, pela Polícia Civil, pelo Corpo de Bombeiros ou qualquer outra polícia que esteja sob o comando do governo do Estado de São Paulo", disse Doria hoje aos jornalistas no Palácio dos Bandeirantes.

Nas redes sociais, o governador de São Paulo já havia se manifestado ontem a respeito do caso. Em mensagem, informou que os envolvidos já haviam sido afastados.

"Ontem à noite, eu assisti estupefato e fiquei impactado com a cena de agressão de uma mulher exibida pelo jornal 'Fantástico'. Da minha casa, liguei para o general (João Camilo Pires de) Campos, secretário de Segurança Pública, e ao coronel (Álvaro Batista) Camilo, secretário executivo da Polícia Militar", informou hoje.

O governador falou que o caso será avaliado pela Justiça.

"Solicitei, dentro dos parâmetros legais, dentro das regras, que os dois policiais fossem afastados. Já estavam afastados, e serão incriminados através de inquérito. Vão responder a inquérito criminal, e os inquéritos criminais são conduzidos pela Justiça — não é a Polícia Militar que conduz inquérito. A Justiça julgará o procedimento errado e condenável desses dois policiais."

A violência da Polícia Militar nas últimas semanas levou o governo do Estado a iniciar um programa chamado Retreinar com a corporação para reforçar ideais de direitos humanos, reafirmar valores e atuação como polícia comunitária. O governador ainda ressaltou que a partir de agosto 2 mil câmeras vão monitorar o trabalho do efetivo.

Estes equipamentos serão instalados na lapela do uniforme e será proibido tirar ou desligar. As imagens serão transmitidas em tempo real ao Centro de Operações da Polícia Militar e serão armazenadas na nuvem. A previsão de comprar mais 3 mil câmeras.

Ainda na coletiva de hoje, Doria se disse "um defensor dos direitos humanos" e voltou a citar os envolvidos em casos de violência policial como "poucos".

"É inadmissível que poucos comprometam muitos. Ou seja: ações condenáveis de poucos comprometam uma organização com mais de 80 mil policiais e que cumprem bem sua função", disse o governador, lembrando o programa de retreinamento e a adoção de câmeras corporais.

Também na coletiva de hoje, o secretário executivo da PM, coronel Camilo, lembrou que o registro foi feito no fim de maio, antes do início do início do Retreinar. O programa, segundo ele, já recebeu 28 mil policiais para "reavivar valores, princípios dos direitos humanos, polícia comunitária e atender bem o cidadão".

Mesmo assim, os envolvidos nas denúncias podem passar por punições em mais de uma esfera. "O que acontece na área penal cabe à Justiça. A Secretaria de Segurança e as polícias têm outra área, administrativa. Se na área administrativa entenderem que devem — e provavelmente isso aconteça — sofrer sanção, elas são independentes. Continua na área da Justiça e na área administrativa", disse Camilo, que igualmente viu um caso "inaceitável" nas imagens.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo informou hoje à Agência Brasil que um inquérito foi instaurado já no dia em 30 de maio para apurar o caso de uma mulher negra, de 51 anos de idade, dona de um bar em Parelheiros que sofreu agressões por parte de um policial militar que foi atender a um chamado no local, na mesma data.

O inquérito ficará sob responsabilidade do 25° Distrito Policial. Segundo a pasta, os policiais envolvidos foram afastados de suas atividades e assim devem permanecer até que a investigação seja concluída.

"A SSP não compactua com desvios de conduta de seus agentes e apura rigorosamente todas as denúncias. Desde o último dia 1, policiais militares de todos os níveis hierárquicos participam programa de treinamento, visando a reforçar os conhecimentos e técnicas da instituição", complementou.

* Com informações da Agência Brasil