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Policial xingada por empresário em Alphaville pede R$ 100 mil na Justiça

Ivan Storel, empresário de Alphaville acusado de humilhar policiais - Reprodução/YouTube
Ivan Storel, empresário de Alphaville acusado de humilhar policiais Imagem: Reprodução/YouTube

Bruno Thadeu

Colaboração para o UOL, em Santos

20/07/2020 13h59

A policial militar Gésica Disanti acionou a Justiça contra o empresário Ivan Storel. Ela entrou com pedido de danos morais no valor de R$ 100 mil após ter sido insultada por Storel durante abordagem da PM na entrada da residência dele, em Alphaville, em Santana de Parnaíba (SP), em 29 de maio.

Disanti atendeu à ocorrência com outros dois policiais: Daniel Nascimento e José Edson. Na semana passada, Nascimento ingressou judicialmente contra Storel também por danos morais, pedindo R$ 50 mil.

"Aqui é Alphaville, mano"

Os policiais estiveram na casa de Storel após denúncia de violência doméstica feita pela mulher do empresário. De acordo com o boletim de ocorrência do dia 29 de maio, a mulher disse que o marido estava descontrolado e fazendo ameaças depois de ingerir bebida alcoólica. Após a chegada da viatura, Storel ofendeu os policiais na porta de sua casa e não permitiu a entrada dos PMs. A ocorrência foi filmada.

Não pisa na minha calçada, não pisa em minha rua, eu vou te chutar na cara filha da puta, eu vou te chutar na cara. Não pisa na minha calçada. Você é um lixo. Seu merda. Você é um merda de um PM que ganha R$ 1 mil por mês, eu ganho R$ 300 mil por mês. Eu quero que você se foda, seu lixo do caralho. Você pode ser macho na periferia, mas aqui você é um bosta. Aqui é Alphaville, mano.

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Misoginia

O UOL teve acesso ao processo movido pela policial. Na ação, destacam-se as ofensas misóginas proferidas em direção a Disanti. "Dentre aos impropérios ditos, temos: 'policiais de bosta, merda', 'sua puta, vagabunda', 'você é um lixo', ( eu) 'ganho 300 mil' e 'PM ganha mil', dentre outras. O Requerido [Storel] exacerbou-se, injustificadamente, nas palavras proferidas, referindo-se à autora com palavras de conotação sexual, subjugando a figura feminina, além das mencionadas com o intuito de desqualificar sua nobre profissão, causando-lhe uma lesão extrapatrimonial agravada", apresentou o departamento jurídico da policial.

Storel foi imobilizado, algemado pelos policiais e foi levado para o Distrito Policial. Os advogados da policial disseram à Justiça que o empresário continuou insultando os PMs dentro da viatura.

"Os xingamentos foram proferidos até a chegada ao distrito policial, não se limitando ao período da filmagem. O conteúdo das ofensas abrangia, também, ameaças veladas às carreiras dos policiais que atenderam ao chamado, pois seria pessoa muito influente no meio político", peticionou o jurídico da policial.

Tentativa de carteirada

No vídeo na porta do condomínio de luxo, Storel aparece ao telefone pedindo ajuda a uma pessoa que chama de Marinho. "Você é secretário, vem para cá e me ajuda. Porque esse b.., esse gordo, f... está achando que é o quê (apontando para o policial). Por favor Marinho, vem aqui e me ajuda (supostamente o secretário de Relações Institucionais de Barueri, Marinho Trimboli Jr.)".

Ele pediu ainda para trazer outras autoridades ao local. "Marinho vem pra cá agora, traz o secretário de segurança, traz o secretário que tiver que trazer. Traz o Furlan (supostamente o prefeito de Barueri, Rubens Furlan)".

Pedido de desculpas

Dias depois, circulou nas redes sociais um vídeo do empresário pedindo desculpas pelo ocorrido.

"Não quero me eximir da minha responsabilidade. Sei que vou responder por isso, sei que as consequências vão vir, mas estava na minha casa, estou em tratamento psiquiátrico, estava naquele momento sob o efeito de álcool, de remédios e aquilo me transtornou a cabeça. Eu agi de maneira injustificável, como eu nunca deveria ter agido e falado coisa que jamais faria na minha sã consciência", disse o empresário.

Justiça recebeu denúncia do MP contra o empresário

Paralelamente aos processos movidos pelos dois PMs, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Storel pelos fatos ocorridos no dia 29 de maio. A Justiça recebeu a denúncia nos artigos 331 (desacato) e 329 (opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça) do Código Penal. Em contato com o UOL, o jurídico da policial Disanti informou que sua cliente não pretende se pronunciar sobre a ação.

A reportagem tentou contato com Ivan Storel por telefone, e aguarda posicionamento.