Família diz que bebê teve couro cabeludo arrancado em parto; hospital nega
O pai de uma bebê recém-nascida denunciou nesta semana que o couro cabeludo de sua filha foi arrancado durante o parto, e que sua esposa teve a bexiga perfurada. O caso teria ocorrido na Santa Casa de Rondonópolis, em Mato Grosso. Hoje, o hospital afirmou ao UOL que a bebê sofreu uma laceração por conta de dificuldades no parto, mas negou que tenha havido erro médico e disse que o fato é de "ocorrência ocasional".
O pai da criança, Adalberto de Souza Moreira, 51, fez a denuncia após tomar um susto quando o hospital o permitiu visitar a esposa e a filha.
"O parto começou 7h40 e acabou às 11h, e eu lá nervoso esperando. Aí eles me disseram que tinha havido um problema e que a bebê tinha um risquinho na cabeça. Quando eu fui ver, tinham arrancado o couro cabeludo da minha filha da testa até a nuca e furaram a bexiga da minha mulher", acusou Adalberto.
Em contato com a reportagem do UOL, a Santa Casa negou que a bebê tenha tido o couro cabeludo arrancado.
"O que houve foi uma lesão do couro cabeludo (laceração) sem perda de substância e corrigido com sutura simples. A bexiga teve ruptura de sua parede a qual também foi corrigida com sutura. Ambas as lesões ocorreram nas manobras para retirada do feto dificultadas pela posição da cabeça fetal no momento da cesariana", informou a assessoria de comunicação da Santa Casa.
Após a cirurgia, que aconteceu na segunda-feira,10 de julho, Maria Lima de Jesus, 38, e a recém-nascida Natasha Vitória Lima permaneceram internadas na UTI. De acordo com o hospital, a mãe da criança apresentou melhora hoje e teve alta da UTI, sendo encaminhada para a enfermaria. A bebê prematura segue na UTI.
Marido acusa hospital de negligência antes do parto
Adalberto acusa o hospital de negligência antes do parto Maria Lima. Segundo ele, a mulher deu entrada no hospital no dia 29 de julho após entrar em trabalho de parto, quando ainda estava com 32 semanas de gravidez. De acordo com o marido, o hospital optou por mantê-la internada por duas semanas, mas ele suspeitou que havia algo errado.
"Eles não deixavam eu visitar a minha mulher (por conta do novo coronavírus), ela me mandou fotos e vi que ela estava inchada. Bateu um desespero. Até que insisti e um dia me deixaram entrar. Eu vi que minha mulher estava morrendo e não faziam nada. Fazia seis dias que não defecava, dois dias sem urinar, super inchada. Eu falei: 'Tem que tirar a bebê logo'", afirmou Adalberto Moreira.
O advogado da família, Celso Antônio da Silva, afirma que teve erro médico não apenas no parto, mas em outras etapas do atendimento.
"O que aconteceu ali foi uma sucessão de erros. Antes do parto o quadro não melhorava e nada foi feito. Ela ficou sem amparo, sem atendimento. E no parto aconteceu isso com a bebê que a gente não ouve falar. Se procurar, a chance de ver um caso deste é quase zero", afirmou o advogado.
O hospital, por sua vez, nega que tenha havido erro médico no procedimento cirúrgico.
"Não (é possível afirmar que houve erro médico). Os traumas ocorridos não são frequentes, mas de ocorrência ocasional. A paciente foi internada para promover a maturação pulmonar e reduzir os riscos da prematuridade (do bebê), quando foi realizada a cesariana. A queixa de constipação intestinal foi devidamente conduzida e não há relato de alterações relativas ao volume urinário."
Família vai recorrer à Justiça
"Não quero que paguem nem a mais, nem a menos. Mas eles têm que pagar por tudo o que fizeram com a minha mulher e a minha filha", disse Adalberto Moreira, ao analisar o ocorrido e cobrar justiça.
Já o advogado Celso Antônio da Silva reclamou que o hospital tem dificultado o acesso aos documentos.
"Além de não terem dado nenhum amparo, não querem liberar os prontuários médicos desde o começo da internação".
O vice-presidente da Santa Casa negou que o hospital tenha retido os prontuários. "A documentação está à disposição mediante apresentação dos documentos regulares de representação", disse.
De acordo com a Santa Casa, foi estabelecido um procedimento interno para apurar o caso.
"Após os levantamentos necessários, os documentos serão encaminhados ao Diretor Clínico para, junto com a comissão de ética, dar andamento a apuração segundo determina o Conselho Federal de Medicina. Medidas cabíveis serão tomadas após apuração final dos fatos."
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