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Alemão é suspeito de chefiar esquema de pornografia infantil no RJ

15.ago.2020 - O alemão Klaus Berno Fischer, preso enquanto se escondia em um sítio na região metropolitana do Rio, é apontado como o responsável por um esquema de pornografia infantil. A Polícia Civil localizou cerca de 30 mil arquivos com filmagens criptografadas - Divulgação/Polícia Civil
15.ago.2020 - O alemão Klaus Berno Fischer, preso enquanto se escondia em um sítio na região metropolitana do Rio, é apontado como o responsável por um esquema de pornografia infantil. A Polícia Civil localizou cerca de 30 mil arquivos com filmagens criptografadas Imagem: Divulgação/Polícia Civil

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

15/08/2020 14h22

Resumo da notícia

  • Imóvel tinha parede falsa para que fossem feitas as filmagens
  • Vítimas eram meninas franzinas de 5 a 14 anos, diz polícia
  • Agência em Copacabana pode ser fachada para turismo sexual
  • Investigadores encontraram 30 mil vídeos criptografados em cofre

O alemão Klaus Berno Fischer, de 73 anos, foi preso na quinta-feira (13) por suspeita de produzir filmes pornográficos com crianças e adolescentes em um estúdio improvisado em uma casa simples no bairro Santíssimo, zona oeste do Rio. O imóvel de três cômodos, em uma área de mata, tinha uma parede falsa para filmagens e até uma rota de fuga.

Nos próximos dias, peritos irão analisar cerca de 30 mil arquivos criptografados com filmagens encontrados dentro de um cofre no local, para identificar as vítimas. A Polícia Civil do Rio também irá solicitar as quebras dos dados bancários e fiscais do suspeito. Os investigadores acreditam que ele pode ter usado uma agência de turismo em Copacabana, zona sul carioca, como fachada para ocultar um esquema de turismo sexual.

No cofre onde foram encontrados os vídeos, os agentes também apreenderam anotações, outras mídias e celulares, que também serão periciados.

Dono da agência e sem antecedentes criminais, Klaus também tinha residência fixa na Alemanha, para onde costumava viajar. A Polícia Civil agora rastreia os contatos dele para tentar identificar a sua rede de atuação. Os investigadores não descartam a possibilidade de que ele possa ter comparsas espalhados em outros locais do país.

Há a suspeita de que ele mantinha um perfil na deep web, área não regulamentada da internet usada para acessar conteúdos ilegais. Os investigadores acreditam que o material era comercializado para países da Europa.

O caso só começou a ser desvendado na terça-feira (11) porque as mães de três vítimas procuraram a 35ª DP, delegacia de Campo Grande, zona oeste do Rio. De acordo com os relatos, as meninas eram franzinas, com idades que variavam de 5 a 14 anos. A polícia estima que o criminoso pode ter feito centenas de vítimas. Klaus atraía as meninas, que moram em uma favela, com presentes e pagamentos em dinheiro, apontam as investigações.

As vítimas contam que ele costumava espalhar pacotes de dinheiro pelo chão e caminhar com uma pistola, para se exibir. Há informações de que ele tem filhos e netos que são distantes, por não aceitar o estilo de vida dele. O nosso objetivo agora é identificar mais vítimas e comparsas. Era um esquema profissional, montado para ganhar dinheiro

Luís Maurício Armond, delegado da 35ª DP (Campo Grande)

Depois de identificado, Klaus foi preso temporariamente enquanto se escondia em um sítio em Seropédica, município localizado em uma área rural da Baixada Fluminense. Segundo a polícia, ele teria tido um desentendimento com um possível comparsa horas antes de ser capturado e sofreu ferimentos ao tentar fugir por uma área de mata.

15.ago.2020 - Polícia Civil do Rio localiza casa que funcionava como estúdio de pornografia infantil. O alemão Klaus Berno Fischer, preso enquanto se escondia em um sítio na região metropolitana, é apontado como o responsável pelo esquema - Divulgação/Polícia Civil - Divulgação/Polícia Civil
15.ago.2020 - Polícia Civil do Rio localiza casa que funcionava como estúdio de pornografia infantil. O alemão Klaus Berno Fischer, preso enquanto se escondia em um sítio na região metropolitana, é apontado como o responsável pelo esquema
Imagem: Divulgação/Polícia Civil

Filmagens em parede falsa e rota de fuga

A casa onde eram feitas as filmagens fica isolada no pé de um morro e cercada por uma área de mata. Nos fundos, os policiais civis encontraram uma escada de concreto, possivelmente projetada para ser usada como rota de fuga pela área de mata, caso o local fosse descoberto.

O cômodo onde eram produzidos os vídeos tinha janelas, portas bloqueadas por um tecido preto e um cenário com artigos infantis. Havia por lá gangorra, piscina de plástico com boias, fantasias e simulação de festa de aniversário para criança.

"Quando percebi que o caso era de abuso sexual, determinei prioridade. Só não esperava encontrar o que encontrei naquele local", revelou o delegado Luís Maurício Armond, responsável pela investigação.

As filmagens eram feitas por uma parede falsa, onde havia um laptop. Também havia lá um pequeno camarim. Em um dos banheiros, havia um chuveiro duplo.