Flordelis tentou plantar provas e ameaçou testemunhas, relata promotor
A deputada federal Flordelis (PSD-RJ), acusada de ter sido mentora do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, tentou interferir nas investigações e é uma "ameaça concreta" ao inquérito, segundo o promotor Sérgio Luís Lopes Pereira, responsável pelo caso no MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro).
"Sendo a principal artífice, principal mentora desse crime, ela a todo tempo tentou interferir na investigação, tentou interferir na ação penal contra Flávio e Lucas [seus filhos] que já corre desde o ano passado. Ela é realmente uma ameaça concreta à investigação. Ela já ameaçou testemunhas, ela tentou plantar documentos falsos apontando para falsos mandantes", disse Pereira em entrevista à CNN Brasil.
O promotor sugere que a deputada, que não pode ser presa porque tem imunidade parlamentar, seja ao menos afastada do cargo, uma vez que está usando de seus privilégios como membro do poder Legislativo para influenciar a investigação.
"Preciso dizer também a estranheza da colocação do Lucas juntamente na cela do Flávio, o que não seria recomendável", avalia Pereira. "Fica clara a influência da Flordelis em colocá-lo lá. Por quê? Porque o Lucas, quando entrou no sistema, se disse associado ao Comando Vermelho [facção criminosa]. Colocar alguém assim num presídio de milicianos seria como colocar uma minhoca num galinheiro."
O que diz a denúncia
Segundo a denúncia do MP-RJ a que o UOL teve acesso, o plano para matar Anderson do Carmo era envenená-lo gradualmente até a morte. O pastor foi internado ao menos seis vezes entre maio de 2018 e junho de 2019 por intoxicação — e, na investigação, foram anexados pareceres médicos do Hospital Niterói D'Or.
"O crime de homicídio não se consumou por circunstâncias alheias à vontade dos agentes, eis que a vítima contou com eficiente socorro médico-hospitalar (...), impedindo o resultado morte", diz um dos trechos do documento.
Anderson foi morto a tiros dentro de casa na madrugada de 16 de junho de 2019 em Niterói, região metropolitana do Rio. Denunciada como mandante do assassinato do próprio marido, Flordelis só não foi presa porque tem imunidade parlamentar.
Cinco filhos e uma neta da parlamentar foram presos preventivamente por envolvimento no crime. Outros dois filhos — Lucas e Flávio — já se encontravam detidos após o assassinato.
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