Professor de medicina se desculpa e diz que não sabia o que era blackface
O professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSC) Ronald Pallotta se desculpou após o uso de blackface durante aula ministrada por ele. Ele usou o recurso, considerado racista, para mostrar aos alunos como atender pacientes pobres. A faculdade anunciou sua suspensão.
"Gostaria de expressar a todos os meus pedidos de desculpas e esclarecer o ocorrido. A utilização da máscara tinha por finalidade apenas demonstrar que se tratava de uma encenação, sem qualquer referência à raça do personagem que tentei no meu amadorismo representar", alegou Ronald, em uma nota enviada ao UOL.
Nas imagens da aula, Pallotta aparece falando frases como "eu não como essas comidas de fraco daqui do SUS" e "eu como comida de macho, você está entendendo?".
Ele afirma que a aula deveria ser presencial, mas que por ser à distância devido a pandemia, ele decidiu fazer uma atuação. "[A aula] deveria ser prática, diretamente com pacientes, por isso me posicionei como ator para melhor entendimento dos alunos, apenas tentando acrescer conteúdo pedagógico à explanação", afirmou ele.
Na explicação, o médico alega que não teve intenção de praticar conteúdo racista ou discriminar pessoas por outro motivo. "Jamais tive a intenção de desrespeitar quem quer que fosse em razão da raça, nível social ou por qualquer outra característica com utilização da máscara na representação que tentei fazer".
Com a repercussão, Ronald disse que procurou se informar sobre o que a máscara representa e se diz constrangido. "Em nenhuma hipótese tive a intenção de expor qualquer conteúdo de índole racista e sequer era familiarizado com o conceito de blackface, sobre o qual fui procurar me informar após a repercussão negativa", diz. "Ao compreender o que isso representa hoje, me sinto constrangido, mas ao mesmo tempo reafirmo que jamais tive a intenção de ofender. Trata-se de [uma] inocente e infeliz escolha", acrescentou.
Faculdade suspende professor
A Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo afirmou em nota enviada ao UOL que decidiu pela suspensão do professor e abriu uma sindicância.
"A Sindicância, que assegura ao médico o exercício da ampla defesa e do contraditório, tem a duração máxima de 60 dias. Durante a sua duração, o professor está suspenso de suas atividades didáticas. A Direção da Faculdade também comunicou o Núcleo de Direitos Humanos e Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) da instituição, para as providências que essa instância julgar necessárias", diz o comunicado.
Ontem, a faculdade já tinha expressado no comunicado que é contra ações preconceituosas e que a sindicância poderia resultar no afastamento do professor. "A instituição informa que repudia veementemente qualquer ação de cunho sexista, racista ou preconceituosa. Foi instaurada pela Direção da Faculdade uma Sindicância Interna para apuração dos fatos, que pode resultar, de acordo com o Regimento Interno da Faculdade, no afastamento do médico envolvido".
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