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Menina de 11 anos tem página invadida e sofre ameaças e ofensas racistas

Polícia tenta localizar responsável por invadir rede social e ameaçar criança; “vou te achar e cortar em picadinhos”, diz criminoso - Rede Globo/Reprodução
Polícia tenta localizar responsável por invadir rede social e ameaçar criança; “vou te achar e cortar em picadinhos”, diz criminoso Imagem: Rede Globo/Reprodução

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

26/10/2020 15h53

Uma menina de 11 anos teve uma conta nas redes sociais invadida e sofreu ameaças e xingamentos racistas. A vítima, que não teve a identidade divulgada, e os responsáveis prestaram queixa na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), no final do mês de setembro, devido às ofensas raciais.

No entanto, no último dia 11, o criminoso conseguiu acesso à página da menina e trocou a foto do perfil da vítima por uma de um macaco. Além disso, colocou o nome "Canal da Macaca Magrela".

Na rede social, o suspeito escreveu frases como "macaca, eu vou te achar e te matar". Os pais da menina disseram à Rede Globo que a filha não consegue mais dormir.

"Ainda bem que ela conta tudo para a gente. Ela ligou, eu estava trabalhando e fiquei desesperado. A minha mulher chorando falando que tinham invadido a conta dela e estavam chamando ela de magrela, vadia e macaca. Simplesmente ela está nervosa até agora, não consegue dormir, todo dia tendo pesadelo. Coisas que não se falam nem para um adulto, quanto mais para uma criança", falou o pai, que também não teve a identidade divulgada.

A menina passou a anotar todas as agressões e xingamentos que estava sofrendo. Oito dias depois, no último dia 19, a menina relatou que o criminoso mudou a descrição da página e escreveu: "eu vou te achar e te matar em vários picadinhos, sua vadia, escrota, macaca e magrela". As ofensas e ameaças duraram cerca de um mês.

Quebra de sigilo eletrônico

O delegado Pablo Sartori, responsável pelo caso, conversou com o UOL e disse que a quebra do sigilo eletrônico já foi feito para tentar rastrear todos os endereços que tiveram acesso ao perfil da menina.

"Toda investigação na internet só é possível para identificar o autor do fato após a quebra de sigilo já que as operadoras só respondem as informações após a quebra de sigilo. O pedido foi feito no dia 14 desse mês, a família procurou a delegacia no dia 29 de setembro, no dia seguinte já instauramos o inquérito. Agora estamos aguardando a decisão judicial, para a investigação finalmente poder ser concluída", disse o delegado.

"A vítima, junto com a família, já foram ouvidos. O pai quem narrou o fato criminoso. No depoimento, ele foi bem sucinto. Só me informou que trocaram a senha da conta dela, apagaram todos os vídeos e começaram a ofender. Não mencionou ninguém, nem nada especificamente. Não tem como saber quando vamos conseguir essa quebra de sigilo, depende de cada juiz. Já tiveram casos de demorar até um ano", completou Sartori.

Segundo a polícia, o responsável pela invasão pode responder pelos crimes de ameaça, injúria racial e difamação. As penas podem chegar a 4 anos de prisão.