Rio: pacientes são retirados de hospital durante incêndio; 3 morrem
Funcionários e pacientes do HFB (Hospital Federal de Bonsucesso), na zona norte do Rio, viveram na manhã de hoje momentos de tensão durante remoção após um incêndio no prédio 1 do complexo. Duas pacientes internadas, de 42 e 83 anos, que se recuperavam de covid-19 e estavam em estado grave morreram. Por volta das 21h50, o Ministério da Saúde informou que um terceiro paciente morreu, sem dar mais detalhes.
No começo da noite, os bombeiros recomendaram a retirada de todos os pacientes por precaução. Ao todo, o hospital tem 289 pacientes —143 já deixaram a unidade e a previsão é de que 146, entre eles bebês, sejam transferidos para diversas unidades de saúde. A operação deve se estender madrugada adentro. Após o incêndio, a brigada de incêndio do HFB removeu 162 pacientes do prédio 1 para o prédio 2 e, posteriormente, 76 foram transferidos para outros hospitais.
Núbia da Silva Rodrigues, 42, sofreu uma parada cardíaca durante a transferência entre os prédios dos hospital. A vítima de 83 anos, que não teve a identidade revelada, chegou a ser transferida do CTI do prédio 1 para o da maternidade, mas faleceu.
Os bombeiros foram acionados às 9h50 e, por volta das 10h30, o incêndio já estava controlado, segundo a corporação. Por volta das 15h, os bombeiros atuavam no rescaldo.
Segundo o porta-voz dos Bombeiros, tenente-coronel Lauro Botto, o fogo se manteve no prédio 1, sem propagação para outras unidades. "Tanto a estrutura quanto o funcionamento das outras unidades do hospital estão funcionando normalmente."
Peritos da Polícia Federal estão no local para investigar as causas do fogo, ainda desconhecidas, e a corporação afirmou que já instaurou inquérito para apurar o incêndio. O fogo começou no subsolo do prédio 1, onde há um estoque de fraldas.
O Corpo de Bombeiros trabalha com o risco de desabamento no prédio 1. Os técnicos da Defesa Civil estão no local para avaliar a estrutura da unidade atingida pelo fogo.
Resgate às pressas
Segundo a técnica de enfermagem Tassiana Freitas, a situação foi crítica durante a evacuação.
"Existem muitos pacientes críticos, graves que estão sendo atendidos agora no estacionamento do hospital. Não tem lugar para ligar os monitores", disse ela.
Tem paciente que não sabemos aonde está, estão perdidos e estamos procurando, porque saímos todos juntos. Não tivemos recursos. Não tem mais ninguém no prédio 1, estamos esvaziando outros
Tassiana Freitas, técnica de enfermagem
Após a remoção das pessoas, funcionários da unidade tentavam retirar medicamentos e materiais hospitalares. Devido à grande quantidade de pacientes, alguns foram levados para uma oficina que fica ao lado do hospital para continuar recebendo tratamento. Macas e monitores foram colocados no local.
Transferência
Após os focos de incêndio serem controlados, os bombeiros começaram a organizar a transferência de alguns pacientes para outros hospitais. No total, 46 pacientes foram transferidos para sete unidades de saúde diferentes. A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro informou que está com toda a rede de assistência preparada para essa emergência.
O tio de Ketlyn Oliveira tem câncer e estava internado no Hospital Federal de Bonsucesso. Ela disse que foi um desespero para conseguir transferi-lo.
"Ele está com câncer e foi jogado de hospital em hospital e finalmente conseguiu parar aqui. Mas agora teve esse incêndio, ficamos desesperados. Foi uma correria com os pacientes, mas felizmente conseguiram levar ele para o Hospital Salgado Filho. A gente estava em casa quando ficamos sabendo do incêndio. Saímos correndo às pressas. Agora ele está bem, está melhor. Não inalou muita fumaça", disse ela.
Causa desconhecida
O incêndio atingiu a enfermaria e os equipamentos de raio-x. As primeiras informações indicam que o fogo começou pouco antes das 10h, e os primeiros bombeiros chegaram aproximadamente 10 minutos depois.
A origem do incêndio ainda é desconhecida, e o Corpo de Bombeiros afirmou que só poderá determinar a razão após perícia, que deve ser feita por uma equipe da Polícia Federal que já está no local. Testemunhas e o tenente-coronel Lauro Botto, porta-voz dos Bombeiros, disseram que o problema foi percebido inicialmente no almoxarifado, onde há muitas fraldas guardadas, o que teria contribuído para o fogo aumentar.
"A enfermaria do prédio 1, onde se originou o incêndio estava com metade da capacidade, ou seja, havia 200 pacientes no local. Eles foram levados para outros prédios do hospital. O incêndio pelo que sabemos até agora se originou então no subsolo, onde tem um estoque de fraldas, mas isso precisa ser avaliado direitinho pela perícia", disse Botto.
Governador lamenta
O governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), lamentou o incêndio. Ele cumpre agenda em Brasília e disse que está acompanhando os trabalhos com atenção.
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