Gêmeas siamesas que dividem válvula do coração aguardam separação em SP
Desacreditados por vários médicos de Rondônia, Vanderson Maia e Jaqueline Camare aguardam para o próximo mês a cirurgia de separação de suas filhas recém-nascidas e gêmeas siamesas. Elas são ligadas pelo tórax, cada uma tem seu coração, mas compartilham uma válvula do órgão. Juntas, Eloá e Sara nasceram com 4,2 kg.
Hoje a família mora em São Paulo, acolhidos por conterrâneos. O procedimento cirúrgico será feito pelo Incor, do Hospital das Clínicas. A história deles, e das crianças, começaram há um ano.
O UOL conversou com Vanderson, servidor público da prefeitura de Alvorado do Oeste (RO), sobre a saga que foi para conseguir atendimento em São Paulo. Tudo começou com várias tentativas de gravidez. "Já temos o Victor, de 9 anos, mas programamos ter outro. Ela ficou grávida, mas teve aborto espontâneo", conta.
O pai das gêmeas relata que após um ano do aborto, sua esposa ficou grávida. A confirmação chegou quando foram a uma cidade vizinha, apesar de dois exames de sangue terem resultado negativo.
"Falei que não iria entrar porque sabia que estava grávida, mas a moça me chamou e já pensei, meu Deus, o que é agora? Falaram que era para sentar e, então, me contaram que eram gêmeas". A sensação, segundo Vanderson, foi incrível e veio com uma brincadeira de seu filho mais velho. "É porque eu assustei a mãe, aí virou dois", brincou Victor.
Nos meses seguintes, o casal foi à vários médicos da região para realizar exames de ultrassom e fazer todo o acompanhamento de pré-natal. Mas nas consultas, os retornos dos profissionais de saúde não eram animadores. O primeiro disse que eram siameses, mas que uma era menor, a metade do tamanho, que era só um coração para as duas. Fatos que fariam a gestação não vingar.
"Ninguém esperava aquela resposta. Não sei como cheguei em casa dirigindo, chorei muito no banheiro naquela noite e rezando para que Deus me desse força", conta Vanderson.
De acordo com ele, um outro médico disse ainda que não sabia como a criança menor estava viva. "Ele disse que tinha muito líquido na nuca, que seria por síndrome de Down, e que ao olhar o ultrassom não dava para ver todos os membros, que as crianças não teriam os membros superiores", conta.
A médica seguinte, após um mês da consulta anterior, foi quem descobriu que se tratava de duas meninas, com todos os membros. "A gente fez vários exames, eletro e ressonância magnética, por exemplo. Deu para ver que eram perfeitas, mesmo tamanho e peso", relembra.
O nascimento e acompanhamento médico
Com a confirmação de que a gravidez vingou, a médica indicou que o casal fosse para Goiás. "Ela não mencionou que lá era particular. Falei que não tinha como que por mais que temos o plano, tinha coparticipação. Ela então conseguiu atendimento na USP, mas teria que ir em uma semana", conta Vanderson que informou ter ganhado as passagens aéreas pela operadora do plano de saúde.
No dia 23 de setembro as duas nasceram. "Gerou muita expectativa. Minha esposa pediu para acompanhar tudo. Foi uma apreensão muito grande, elas estavam grudadinhas. Deu um desespero, mas ocorreu tudo bem", relembra Vanderson.
Na UTI do Incor, onde será feita a cirurgia, Vanderson conta que Eloá precisa de mais cuidados. "Elas contraíram uma infecção hospitalar e Eloá tem problema um problema de coração. Hoje ela está entubada. A Sara não precisa, mas como ela compartilha válvula do coração, ela cansa mais". De acordo com ele a infecção passou e ambas já voltaram para a dieta de leite materno.
A equipe médica deve abranger por volta de 40 profissionais. "Eles são muito humanizados, são muito carinhosos", diz Vanderson.
Ele conta que amanhã ou no início da semana que vem os médicos do Incor irão por uma espécie de saco bolha na região torácica onde irão injetar 10 ml de silicone. "Eles esperam que isso gere mais pele para que se possa ter espaço para cirurgia e para fazer as suturas", conta.
Se eles estão nervosos com a cirurgias da filha? Bom, o pai diz que não é tanto assim. "Como a gente é do interior, a gente está mais tranquilo nessa parte. A gente está muito tranquilo. É lógico que às vezes dá o desespero, nor não saber o que vai acontecer", conta.
Vanderson criou uma vaquinha online para arrecadar apoio financeiro. Ele diz que os principais custos atuais são transporte para ir todos os dias ao hospital e para ajudar onde está morando em São Paulo. Ele ainda teve ajuda da igreja católica de sua cidade, de amigos e familiares. Mas, para ele, o importante não é apenas o dinheiro.
"Não adianta pedir ajuda financeira sendo que o principal é a oração. Não adianta ter dinheiro, se não tem saúde. As pessoas precisam acreditar mais na vida", concluiu
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