Topo

Esse conteúdo é antigo

Polícia investiga se corpo encontrado é de menino desaparecido no RN

José Carlos da Silva, de 8 anos, está desaparecido há duas semanas no Rio Grande do Norte - Arquivo Pessoal
José Carlos da Silva, de 8 anos, está desaparecido há duas semanas no Rio Grande do Norte Imagem: Arquivo Pessoal

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Recife

12/11/2020 17h53

O corpo de uma criança foi encontrado hoje enterrado em uma área de mata no bairro da Pajuçara, em Natal (RN), por moradores da comunidade África que estavam fazendo buscas para encontrar o menino José Carlos da Silva, 8. A mãe da criança reconheceu que a roupa que estava junto ao corpo pertence ao menino. Entretanto, a polícia informou que somente o laudo da necropsia poderá confirmar oficialmente que se trata ou não do corpo de José Carlos.

A criança está desaparecida desde o dia 21 de outubro depois que a mãe a mandou levar um suco aos irmãos, que pediam dinheiro no semáforo do cruzamento das avenidas Moema Tinoco e João Medeiros Filho, na Pajuçara. O desaparecimento do menino foi registrado na polícia no dia 22. O caso vem sendo investigado pelo NIPD (Núcleo de Investigação sobre Pessoas Desaparecidas), da DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa em Natal).

O corpo foi encontrado próximo a uma árvore, na região onde quatro cães do Corpo de Bombeiros da Paraíba fizeram uma varredura junto com a Polícia Civil do Rio Grande do Norte, na semana passada, e não encontraram nada.

A varredura ocorreu entre os dias 4 e 6, na área que o menino poderia ter percorrido após ter saído de casa. O trabalho foi realizado em conjunto com policiais civis do NIPD e militares do Corpo de Bombeiros da Paraíba. Apesar das buscas, as autoridades policiais informaram que nada foi encontrado e que havia poucas informações sobre o desaparecimento do menino que pudessem ajudar a descobrir o paradeiro da criança.

Após a localização do corpo, a Polícia Civil e a mãe da criança, Ozenilda das Dores da Silva, e o marido dela, Silvano, foram até o local onde o corpo foi encontrado. Ela reconheceu as roupas e a sacola que estavam com o corpo como sendo do filho.

Moradores da comunidade estão chocados com a descoberta do corpo e marcaram um terço para ocorrer na quadra do colégio da comunidade, às 19h de hoje. Eles também planejam realizar uma missa após a oficialização do reconhecimento do corpo do menino.

O delegado da DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa), Claúdio Henrique de Oliveira, informou que só poderá dizer se o corpo é de José Carlos após o resultado da necropsia. "O corpo, tecnicamente, só vai poder ser confirmado pelo Itep, mas todas as indicações apontam que é da criança. Pelas vestes, pela bolsa, encontradas, os indicativos apontam que é a criança", disse o delegado, que não quis dizer se há algum suspeito do crime.

Após procedimentos da perícia, o corpo foi recolhido, na tarde de hoje, por peritos do Itep-RN (Instituto Técnico-Científico de Perícia do Rio Grande do Norte) para ser submetido a necropsia. O exame fará o reconhecimento oficial do corpo e determinará a causa da morte da criança. Ainda não há previsão para conclusão do laudo.

A Polícia Civil do Rio Grande do Norte informou, em nota divulgada nesta noite, que encontrou um corpo compatível com "o de uma criança e com vestes semelhantes às que José Carlos da Silva, 8 , estava usando no dia em que desapareceu", mas devido ao avançado estado de decomposição, a identificação do corpo será feita por meio de exame pericial a ser realizado pelo Itep.

"A apuração continuará tramitando na Divisão de Homicídios e de Proteção à Pessoa e, no intuito de preservar pessoas e informações, não serão divulgados depoimentos colhidos, nem linhas de investigação. A instituição entende o clamor público pela elucidação do caso, porém solicita cautela da população, para que injustiças não aconteçam", diz a nota, reforçando a declaração do delegado da DHPP, Cláudio Henrique de Oliveira, que afirmou que a mãe e o padrasto do menino não são suspeitos do crime.

A Polícia Civil pediu que a população ajude na investigação repassando informações verdadeiras, que poderão ser feitas, de forma anônima, por meio do Disque Denúncia no número 181.

Moradores ajudaram nas buscas

Pessoas que encontraram o corpo relataram ao UOL que o grupo desconfiou de algo estranho no local porque a areia estava fofa e mexida, diferente das características do terreno, e o local exalava mau cheiro. "Infelizmente, acabamos de encontrar o corpo de José. Estava num terreno ao lado, próximo ao bairro. A gente sentiu mau cheiro e a terra fofa no local. A polícia veio, cavou e encontrou o corpo do menino", relatou Jonathan Will.

"A gente entrou junto com os policiais e eles começaram a cavar nos perguntaram a cor da camisa dele e dissemos: é azul. Deu para a gente ver que tinha uma roupa azul na cova, então os policiais mandaram a gente se retirar e isolaram o local", contou Raquel Farias, uma das moradoras da comunidade que foi até o local que o corpo foi encontrado.

O corpo estava com as roupas, camisa e short, que o menino foi visto pela última vez, além da sacola com os lanches que ele levaria para os irmãos. A mãe do menino disse, que apesar da pouca idade dele, era comum a criança andar sozinha pela comunidade e fazer o trajeto de casa para o semáforo - onde a família fazia ponto pedindo dinheiro aos motoristas.

A mãe da criança e o marido dela prestaram depoimento novamente hoje no NIPD. O conteúdo do depoimento não foi divulgado. O homem, em entrevista à imprensa, negou que tenha participação no desaparecimento da criança.

Ozenilda afirmou, na semana passada, que toda família está abalada com o desaparecimento de José Carlos, e que ela tinha esperança de encontrar o filho vivo. Ela contou que, inicialmente, a família começou a procurar pela criança por conta própria no dia do desaparecimento. Hoje, após fazer o reconhecimento do corpo do filho, ela saiu sem falar com a imprensa.