Acusado de injúria racial, Wassef nega ser racista: 'Já namorei uma negra'
O advogado Frederick Wassef, que já atuou para a família Bolsonaro, negou ser racista após ser acusado de injúria racial por uma atendente de pizzaria em Brasília (DF). Ela registrou boletim de ocorrência e relatou às autoridades ter sido chamada de "macaca" pelo advogado.
"Já namorei uma negra, o meu avô, pai de meu pai, era mulato, meio mulato. Não sou racista. Inclusive, meu pai mesmo tem o cabelo bem pixaim, encaracolado", disse ele, em entrevista à coluna de Bela Megale, no jornal O Globo.
A vítima relatou à polícia que, ao ir embora, Wassef a encontrou no caixa e começou a reclamar. "Essa pizza não tá boa. Você comeu?". Ela respondeu que não e ele retrucou dizendo, em voz alta: "Você é uma macaca! Você come o que te derem."
Para o advogado, a acusação não passa de uma "farsa" planejada pelo gerente da loja, que já teria tentado prejudicá-lo em ocasiões anteriores.
"Estão mentindo e armando para destruir a minha imagem e minha reputação, me incriminar. Jamais na minha vida destratei qualquer pessoa, não sou nem fui racista, tenho grandes amigos irmãos negros", afirmou.
"Afirmar que sou racista é uma farsa, uma mentira, um crime de calúnia. Eu sou vítima de um crime, não o autor", acrescentou ele.
Wassef foi à delegacia ontem para prestar queixa contra a funcionária por denunciação caluniosa. "Quem está patrocinando isso? Quem está por trás disso? Arquitetaram um plano. Alguém contratou, patrocinou e pagou advogados caros e famosos de Brasília. Em nenhum momento eu chamei a moça de macaca, nem chamei de negra. Importante dizer, ela não é negra", afirmou.
'Antibolsonarista radical'
Na entrevista, Wassef acusou o gerente da pizzaria de ser o "orquestrador" da acusação porque ele seria um "antibolsonarista radical". Ele disse que o funcionário "o destratou várias vezes, em outras oportunidades". No boletim de ocorrência, a atendente disse que o advogado é cliente frequente do estabelecimento e destrata os funcionários.
"Já o vi me filmando, porque me reconheceu como advogado de Bolsonaro. Pelas informações que apurei, ele não gosta do Bolsonaro, é antibolsonarista radical, sempre me destratou. Ele é um desafeto que não gosta de mim por motivos ideológicos e políticos. Usou uma funcionária nova, fez a cabeça dela, arrumou quem patrocinasse advogados, coisa e tal, arquitetaram esse plano e, três dias depois, levaram a cabo", disse ele.
Wassef disse que "tudo vai ser provado e colocado dentro dos autos". Ele alega que teria reclamado da pizza porque "estava absolutamente crua e parecia uma sopa de tomate de tanto molho que tinha".
"Quando ela passou a me destratar, batendo de frente comigo, falando que eu fui o único que reclamou, eu disse, 'puxa, um cliente fazendo uma sugestão e você me repreende'. Paguei, virei as costas e fui embora. O resto é invenção", afirma.
Racismo x injúria racial
A Lei de Racismo, de 1989, engloba "os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". O crime ocorre quando há uma discriminação generalizada contra um coletivo de pessoas. Exemplo disso seria impedir um grupo de acessar um local em decorrência da sua raça, etnia ou religião.
O autor de crime de racismo pode ter uma punição de 1 a 5 anos de prisão. Trata-se de crime inafiançável e não prescreve. Ou seja: no caso de quem está sendo julgado, não é possível pagar fiança; para a vítima, não há prazo para denunciar.
Já a injúria racial consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem a fim de atacar a dignidade de alguém de forma individual. Um exemplo de injúria racial é xingar um negro de forma pejorativa utilizando uma palavra relacionada à raça. A pena prevista para injúria racial é o pagamento de multa ou de 1 a 3 anos de detenção.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.