Polícia contradiz versão de mulher que desviou R$ 50 mi para mães de santo
A investigação do caso da colaboradora de uma empresa agropecuária de Dourados (MS), que disse ter sido vítima de extorsão no valor de R$ 50 milhões por duas mães de santos residentes em São Paulo (SP), apontou que a suposta vítima no desvio de dinheiro teria usado parte do montante em benefício próprio, segundo operação da equipe do Setor de Investigações Gerais (SIG) da Polícia Civil.
De acordo com a polícia, foi identificado que a denunciante adquiriu um patrimônio incompatível com os rendimentos recebidos. Os bens adquiridos nos últimos dois anos variam entre imóveis e veículo, num montante avaliado no valor de R$ 5 milhões.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Rodolfo Daltro, a funcionária, que ocupa o cargo de chefe do setor financeiro da empresa agropecuária, compareceu no final de setembro na delegacia para informar que desviou mais de R$ 50 milhões para a conta das videntes. E afirmou que o fez mediante ameaça das mães de santo.
"Por intermédio da análise de testemunhos e documentos da empresa ficou comprovado que a denunciante tem desviado dinheiro há cerca de quatro anos. Para evitar que os furtos fossem descobertos a funcionária contratou as videntes paulistas para realizarem 'trabalhos espirituais' que encobririam os crimes. Desde então, valores de até R$ 60 mil reais eram depositados com frequência nas contas das duas mulheres", detalhou o delegado.
Daltro explica ainda que a situação saiu do controle a partir de agosto, quando as videntes passaram a solicitar valores mais altos à denunciante, uma vez que as fraudes estariam na iminência de serem descobertas.
"Com isso, no intervalo de um mês, as envolvidas convenceram a funcionária a desviar mais R$ 50 milhões, sob a promessa de que os furtos praticados não seriam descobertos", acrescenta.
Operação Prelúdio
Com as provas obtidas, a equipe do SIG solicitou um mandato de Busca e Apreensão em dois endereços vinculados à funcionária que está afastada do trabalho mediante atestado médico. Foram apreendidos dois veículos, sendo um no modelo Fiat Toro (avaliado em R$ 120 mil), além de sete imóveis. O mesmo procedimento foi realizado em relação a uma das videntes que mora no estado de São Paulo.
A situação da denunciante foi complicada ainda mais, após confirmado que há 15 dias ela transferiu um imóvel rural para o nome do noivo, o que configura crime de lavagem de dinheiro.
"Até o momento foram sequestrados bens no valor de R$ 5 milhões, além de R$ 13 milhões bloqueados nas contas bancárias que receberam os depósitos indevidos. As investigações continuam a fim de recuperarmos o restante dos valores e assim, individualizarmos os crimes praticados por todos que atuaram no prejuízo milionário sofrido pela empresa", conclui Daltro.
A reportagem busca contato com a defesa das envolvidas e atualizará o texto caso haja um posicionamento.
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