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Jornal: Falhas múltiplas levaram a apagão no Amapá, diz relatório do ONS

Apagão no Amapá durou 22 dias - Gabriel Penha/Photopress/Estadão Conteúdo
Apagão no Amapá durou 22 dias Imagem: Gabriel Penha/Photopress/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

24/11/2020 09h29Atualizada em 24/11/2020 10h05

O apagão que atingiu o Amapá no último dia 3 está relacionado a uma "contingência múltipla" que afetou o funcionamento da subestação da capital Macapá, onde um dos equipamentos explodiu em uma tempestade. A energia só foi completamente restabelecida nesta terça-feira.

Reportagem do jornal Valor Econômico teve acesso ao RAP (Relatório de Análise de Perturbação), elaborado pelo ONS (Operado Nacional do Sistema Elétrico), que registra conjunto de falhas das usinas e da rede de distribuição que abastecem o estado.

O documento, segundo a publicação, ainda passará pelas últimas revisões, mas reforça as constatações preliminares de que a subestação poderia entrar em colapso a qualquer momento.

De acordo com a reportagem, a contingência múltipla mencionada no relatório remete à comparação entre o apagão e a queda de um avião, ou seja, algo que não é determinado por um fator, mas pela combinação de vários.

Nas conclusões, o operador informa que começou estudos com a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) para propor uma solução definitiva para atender o estado.

Procurada pelo Valor, a Gemini Energy, dona da concessionária LMTE (Linhas de Macapá Transmissora de Energia), não quis comentar o assunto.

Só 2 de 3 transformadores operavam, e com falhas

No relatório, o ONS reconhece que a subestação de Macapá operava com dois dos três transformadores no momento do apagão. A rede funcionava sem equipamento de backup por problema com o transformador TR2.

Análise demonstra que foi detectado, após o blecaute, um problema de "bucha danificada" no TR3, um dos dois transformadores que operavam. O documento aponta que foi a explosão de uma bucha que levou o TR2 a ficar indisponível no fim do ano passado.

Já o transformador TR1 foi o que atuou como um gatilho para o apagão. A falha começou com um curto-circuito. Houve explosão desse transformador e incêndio.

Segundo a reportagem, o documento detalha a sequência dos acontecimentos na operação do sistema: o problema na subestação provocou "degradação da frequência e tensão neste sistema", o que provocou desligamento de uma das turbinas da hidrelétrica Coaracy Nunes. Outra unidade de geração da usina recebeu sobrecarga e também desligou, o que "culminou com o colapso total das cargas do sistema Amapá".

Já com a CEA, distribuidora local, o operador registrou falha nas subestações da Equatorial e Santana.

Questionado pelo jornal sobre o relatório, o ONS respondeu que trabalhou com agilidade para formular a minuta do documento no menor prazo possível. Informou ainda que foi possível reduzir o prazo de 15 para cinco dias úteis a partir da primeira reunião com as autoridades do setor para tratar das causas do apagão. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) não quis se pronunciar.