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Polícia apura versões de passageiros e motoristas sobre acidente em Taguaí

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

26/11/2020 13h06

A Polícia Civil de São Paulo aguarda laudos técnicos para esclarecer o que ocorreu no acidente que matou 41 pessoas ontem em Taguaí, no interior paulista, mas afirma que também apura versões conflitantes apresentadas pelo motorista do ônibus, por um caminhoneiro que teria sido ultrapassado pelo ônibus e pelo passageiro sobrevivente do caminhão envolvido no acidente.

De acordo com a polícia, a versão apresentada pelo motorista do ônibus é de que o freio do veículo falhou e teve de alterar a direção para tentar evitar algo pior. Já as versões do caminhoneiro que teria sido ultrapassado pelo ônibus e do passageiro sobrevivente do caminhão são semelhantes: apontam que o ônibus tentou ultrapassar em área proibida.

O acidente ocorreu rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho, entre Taguaí e Taquarituba, na região de Avaré. Trata-se de um trecho com bastante curvas e faixa contínua.

"Algumas versões foram apresentadas e algumas versões conflitantes. Basicamente, teria um veículo com velocidade reduzida e o ônibus que estava na sequência não conseguiu efetuar a frenagem e derivou na contramão", disse a delegada Camila Rosa Alves, que está responsável pela investigação.

Ainda segundo a delegada, o ônibus de fato invadiu a faixa contrária. A investigação pretende esclarecer a partir de agora o que motivou essa manobra. Camila afirmou que o local do acidente é uma descida onde motoristas "costumam abusar do limite de velocidade". A perícia, no entanto, é complexa, uma vez que o ônibus está "contorcido", acrescentou.

A delegada também afirmou que o caminhoneiro que teria sido ultrapassado pelo ônibus em uma das hipóteses investigadas "diz que estava em velocidade reduzida em um trecho de curvas, que ele só escutou o barulho de frenagem e, quando viu, já viu o acidente. E que o motorista teria tentado ultrapassar em local proibido".

Para indiciar ou responsabilizar o motorista, no entanto, os investigadores terão que ter evidências mais nítidas, relatou Camila.

mapa - Arte/UOL - Arte/UOL
Mapa mostra localização onde ônibus e caminhão bateram, com mais de 40 mortes
Imagem: Arte/UOL

Situação das vítimas

Cinco dos 11 internados em decorrência do acidente entre um ônibus e um caminhão em uma rodovia em Taguaí (SP) tiveram alta hospitalar após melhora clínica, segundo a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

Dos seis que ainda seguem internados, um está no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, dois estão na Santa Casa de Avaré, um no Pronto-socorro de Avaré e dois na Santa Casa de Itaí. Todas as unidades estão no interior de São Paulo.

Além das 11 pessoas que foram internadas em hospitais no interior de São Paulo, outras quatro pessoas chegaram a ser removidas com vida do local do acidente, mas morreram "devido à gravidade clínica, antes mesmo de dar entrada nos serviços de saúde", segundo a secretaria.

Ônibus com funcionários

De acordo com a Polícia Militar, o ônibus envolvido no acidente levava funcionários de uma empresa têxtil, a Stattus Jeans, para o trabalho.

O advogado da fábrica, Emerson Fernandes, afirmou ao UOL que o ônibus era uma espécie de "lotação" contratada pelos próprios funcionários, sem ligação direta com a empresa.

A Star Fretamento e Locação Eirelli EPP, responsável pelo ônibus, emitiu nota dizendo estar prestando auxílio para as vítimas e afirmou que toda a documentação do veículo está em situação legal. Porém, de acordo com a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), a Star não possui registro para transporte de passageiros e roda ilegalmente desde outubro de 2019.

A Prefeitura de Taguaí decretou luto oficial de três dias nas repartições públicas do município em razão do acidente e lamentou as mortes na página oficial do Facebook: "Externamos nossos sinceros sentimentos às famílias, amigos, à empresa e colegas de trabalho destes que se foram. Dia triste."

A Prefeitura de Itaí, onde morava a maior parte das vítimas, decretou luto e disponibilizou três ginásios poliesportivos para um velório coletivo.