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Sobrevivente de acidente em Taguaí nega que ônibus tentou ultrapassagem

Elian Marcos lembrou detalhes do acidente que deixou 41 mortos no interior de São Paulo - Reprodução/Gshow
Elian Marcos lembrou detalhes do acidente que deixou 41 mortos no interior de São Paulo Imagem: Reprodução/Gshow

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/11/2020 11h29Atualizada em 26/11/2020 11h32

Um dos sobreviventes do acidente em Taguaí, no interior de São Paulo, negou que o ônibus que transportava funcionários da indústria têxtil estivesse tentando uma ultrapassagem no momento em que colidiu com um caminhão.

Em entrevista ao "Encontro", Elian Marcos, um dos trabalhadores da Stattus Jeans, afirmou que o ônibus tentava acelerar enquanto era contido por um veículo mais lento à sua frente, mas disse também que o motorista, outro sobrevivente da colisão, não tentou nenhuma manobra arriscada, se encontrando de frente com o caminhão ao entrar em uma curva da rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho.

"Não era uma ultrapassagem, porque era uma reta, aí tinha uma subida e depois tinha uma curva. Foi só na hora que começou a curva, pra pegar a reta, que foi visto o caminhão, foi coisa de 2, 3 segundos, porque tava muito devagar os caras na nossa frente, e o ônibus nosso tava rápido, entendeu? Aí não tinha que fazer, ele ia na traseira dos caras (na frente), o mais fácil era ele tirar, e aí veio o caminhão de encontro", detalhou Elian.

Questionado por Fátima Bernardes, o sobrevivente afirmou "lembrar de tudo" sobre o acidente, contando que por pouco não foi atingido pelo pedaço de carroçaria que se desprendeu do caminhão com o impacto da colisão, atingindo a área de passageiros do ônibus.

"Eu tava sentado no segundo banco do lado direito, o lugar que ficou intacto. Eu cheguei a ser lançado pra fora do ônibus, eu só vi que passou o vagão, ele passou coisa de meio metro longe de mim, pegou o pessoal da frente, pegou o meu amigo que tava do meu lado, o cara que tava atrás de mim faleceu. Foi devastando tudo. Aí eu não sei como eu fui arremessado, porque eu não peguei ferragem nenhuma, só quando eu vi eu tava na pista levantando. Aí eu olhei pros lados e tava tudo meio empoeirado, porque era um caminhão de esterco, e aí levantei meio zonzo, atordoado, e fui ver as vítimas", contou.

Elian disse que se chocou ao verificar a situação de seus colegas de trabalho, com grande parte dos 41 mortos no acidente falecendo no local. Ele ainda reafirmou a inocência do motorista do ônibus, apesar de outra sobrevivente ter corroborado com a teoria da ultrapassagem proibida.

"Ninguém tava de cinto, só o motorista acho, e acho que uns 90, 95% das pessoas estavam dormindo, porque a moça que sobreviveu, que tava atrás de mim, contou outra versão, mas eu vi tudo, ela falou que o motorista foi tentar 'podar', não é que ele foi tentar podar. Eles estão julgando o motorista, não foi o motorista que tentou ultrapassar, ele tentou tirar do ônibus que tava na nossa frente, que tinha muito mais gente", afirmou.

"Eu lembro de tudo. Eu lembro que antes de chegar nesse local, eu tava dormindo no ônibus, aí eu acordei e nisso era uma curva que não dava pra ver, sabe? Eu só vi que tinha um ônibus na frente e um caminhão, muito devagar na pista. Aí o nosso ônibus tava indo e não sei se falhou o freio, mas na hora que foi chegar nesse ônibus que tava muito devagar o motorista tirou, no que ele tirou veio a carreta contra, e aí o motorista da carreta tirou, mas no que ele tirou ficou o vagão na pista ainda, pegou o vagão no ônibus, não deu tempo do cara tirar", concluiu.

As afirmações de Elian confirmam a versão do motorista do ônibus, que admitiu ter invadido a pista contrária da rodovia, de mão simples, mas negou ter tentado uma ultrapassagem, alegando que entrou na contramão de última hora para desviar do veículo a sua frente, que freou de maneira brusca.