Garoto cita sequestro após ir brincar escondido (e a bronca vem da Justiça)

Um menino de 12 anos simulou que tinha sido sequestrado, no último domingo (6), para justificar aos pais a ausência dele ao sair de casa para ir brincar escondido em uma praça no município de Nova Xavantina (MT), a 661 km de Cuiabá. O caso foi esclarecido hoje pela Polícia Civil de Mato Grosso. As investigações da polícia apontaram que o garoto inventou a história ao chegar em casa, depois de ter brincado na praça sem avisar aos pais.

A cidade está apreensiva e em pânico sobre boatos de sequestro de crianças, que estariam sendo cometidos por pessoas em um carro preto. A Polícia Civil esclareceu que não houve nenhum sequestro ou rapto nos últimos dias e pediu que os moradores se tranquilizassem.

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Segundo a polícia, o menino aproveitou a falsa informação para dar justificativa à ausência aos pais, que comunicaram o caso à polícia acreditando que o filho teria sido vítima de sequestradores. A Polícia Civil está finalizando o inquérito e a falsa comunicação de crime será informada às autoridades judiciais para serem tomadas as providências legais por ato infracional, de acordo com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

O pai do adolescente, ao se deparar com o filho sujo e com algumas escoriações pelo corpo, questionou o que havia ocorrido e o garoto afirmou que tinha sido sequestrado na porta de casa, quando estava colocando o lixo na rua. Segundo o menino, um homem teria dado um soco na cabeça dele e, após tapar a boca, o colocou em um veículo preto, abandonando-o em uma área próxima à casa.

O homem acionou a Polícia Militar para registrar o suposto sequestro e o caso foi levado à delegacia de Polícia Civil em Nova Xavantina, que passou a investigar imediatamente o caso. Os investigadores coletaram imagens de câmeras de residências e pontos comerciais que estavam no trajeto da praça, inclusive imagens de uma casa na rua onde o menino mora, e mostram que o adolescente saiu caminhando normalmente pela rua — desmentindo que teria sido sequestrado quando ainda estava na porta de casa.

"Ao serem informados do suposto sequestro, os investigadores saíram em diligências pela cidade em busca de informações reais e com imagens de câmeras de um comércio próximo à casa do garoto constataram que o adolescente não estava dentro de nenhum carro", informou a Polícia Civil de Mato Grosso.

Menino rolou na areia

As imagens das câmeras revelaram ainda que o adolescente saiu de casa a pé até a avenida Mestre Venâncio de Oliveira e, ao se aproximar de um mercado, se jogou no chão simulando uma queda. Ele saiu "rolando na areia para se sujar e ainda entrou no terreno baldio para se sujar ainda mais", contou a polícia.

Após a coleta de provas com as imagens das câmeras, o menino foi ouvido pela polícia e admitiu que mentiu porque foi brincar na nova praça da cidade e não avisou aos pais. Durante depoimento, ele foi questionado sobre o porquê de ter criado a mentira de sequestro e, segundo a polícia, o garoto afirmou que soube de um boato de uma suposta tentativa de sequestro de um adolescente que circulou nas redes sociais, na semana passada.

"A equipe de investigação da Polícia Civil de Nova Xavantina logo identificou que não eram verídicas as declarações do adolescente e automaticamente constatou que seria uma falsa comunicação de crime, em virtude de não ter ocorrido essa conduta. O adolescente, por motivos particulares, inventou essa história. Em que pese ser um adolescente que fez essa conduta, mas qualquer comunicação falsa de alguma conduta criminosa é crime e vai ser investigada como foi este caso", informou o delegado Gutemberg Lucena de Almeida.

O delegado destacou ainda que as pessoas não usem as redes sociais para compartilhar informações sem constatar a veracidade delas, pois o ato poderá acarretar em pânico com informações falsas.

"O que mais nos chama a atenção é que precisamos deixar a sociedade em alerta, pois rapidamente se espalhou a notícia sem ter a certeza do ocorrido, sem esperar a investigação, de que havia pessoas sequestrando crianças na cidade, o que causa todo um abalo na população, uma preocupação com famílias. É importante checar informações, principalmente via WhatsApp, via grupos de internet, e saber da veracidade antes de sair compartilhando", alertou o delegado.